Consciência ecológica leva voluntários a limpar Lago Paranoá

Brasilienses voluntários se mobilizam para salvar o Lago Paranoá e para mostrar que é possível reaproveitar o lixo que é jogado diariamente no local.

Uma operação de limpeza, que durou toda a semana e terminou ontem, contou com a participação de vários segmentos da comunidade preocupados com o excesso de lixo, o assoreamento, o uso indiscriminado da água e com o despejo de esgoto, que trazem prejuízos ambientais a todo o Distrito Federal.

Voluntária, Celenita Rosa da Silva, 45 anos, demonstra, com seu trabalho, a possibilidade de transformar produtos considerados lixo em peças de vestuário. Ela trabalha com isso desde os oito anos de idade, mas nos últimos meses se empenhou, junto com a Cooperativa de Costureiras da Cidade Estrutural, em produzir roupas com canudos de plástico, restos de banners, embalagens e outros materiais recicláveis que, descartados de forma errada, poluiriam os mananciais do DF.

“Fizemos um vestido com dois mil copos descartáveis coletados nas ruas. Mobilizamos familiares, amigos e toda a comunidade para recolher o material. Isso nos dá muito orgulho”, conta a costureira entusiasmada.

Transformação

Aos 16 anos, a estudante Mariana Soares já se engajou na luta em defesa da preservação ambiental. Voluntária, a adolescente vestiu uma saia produzida com câmara de ar de pneu, uma blusa com tecido de cortina e desfilou na orla do Lago Paranoá, provando que é possível ser fashion e sustentável.

“As pessoas não dão valor ao que jogam fora. Se fosse olhado com cuidado, poderia se transformar em coisas maravilhosas, como a minha roupa. Acredito que cada cidadão deve repensar como está sendo a sua contribuição para o meio ambiente”, argumenta a jovem.

O grupo de escoteiros do Colégio Militar de Brasília também dá sua contribuição para a preservação do meio ambiente. Focado no ensino das crianças, o grupo, composto por 25 integrantes, mostra aos pequenos como transformar jornais em bolsas e garrafas pet em brinquedos, como cata-ventos.

Segundo a chefe dos escoteiros Sandra Fernandes, o trabalho com materiais recicláveis ajuda a despoluir o meio ambiente e, ao mesmo tempo, contribui para a formação das crianças.

“Fazemos um trabalho de base iniciando um processo de formação do caráter e da personalidade deles. Neste momento inserimos a nossa preocupação ambiental e passamos para eles a necessidade de se importar com a natureza”, explica.

Cem mil toneladas por ano

Se continuar como está, em pouco tempo a navegabilidade, a pesca e as opções de lazer nas águas do lago estarão comprometidas por causa do excesso de lixo e poluição. Segundo estimativa do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), o espelho d’água recebe, em média, cem mil toneladas de materiais impróprios todos os anos.

Entre os materiais encontrados na operação, que retirou 5,2 toneladas de lixo do Lago Paranoá, a maior parte é plástico, mas também foram recolhidas peças inusitadas, como chassi de carro, sofás e roupas.

Como forma de encerrar a semana de limpeza, ontem o lago foi palco de exposições, competições esportivas e de oficinas de reciclagem com o objetivo de sensibilizar e incentivar a população do DF a realizar o descarte correto de resíduos.