Espanha tem greves contra privatização velada dos transportes

O setor ferroviário espanhol vive nesta segunda-feira (17) a sua segunda greve de 24h, um protesto contra a liberalização do transporte de passageiros aprovada pelo governo. Em Madrid e Barcelona também os demais transportes públicos estão em greve. Na hora do rush desta manhã houve filas de mais de 120 quilômetros nas principais vias de acesso à capital.

Segundo o jornal espanhol Público, as cidades de Madrid e Barcelona estão em colapso devido à segunda greve de 24h no setor ferroviário contra a liberalização do transporte de passageiros aprovada pelo governo. A esta paralisação somam-se as greves parciais (quatro horas de manhã e outras tantas à tarde) no Metrô das duas cidades, em protesto contra a redução de salários e o aumento do preço dos bilhetes. Em Barcelona, a greve afeta também os ônibuss.

Os sindicatos asseguram que a greve nacional é um sucesso, com uma adesão extraordinária de mais de 98 por cento.

Em Madrid, as Comisiones Obreras (CCOO) e a Unión General de Trabajadores (UGT) estimam uma adesão de quase 100 por cento na paralisação no Metrô, no turno da manhã. Em Barcelona, a adesão à greve dos trabalhadores no metrÔ e nos ônibus é praticamente de 100 por cento. Nos comboios (Renfe e ADIF) é de 95 por cento, conforme foi relatado pelo sindicato CGT, citado pelo jornal espanhol Público.

Esta manhã, houve filas de mais de 120 quilómetros na hora de maior fluxo nas principais vias de acesso à capital, Madrid. No centro da cidade, também se verificaram engarrafamentos significativos. Os efeitos das paralisações estão sendo sentidos especialmente na rede ferroviária suburbana e na rede de Metrô, com composições lotadas em alguns percursos.

Em Madrid, três pessoas foram detidas nas primeiras horas da greve. As detenções ocorreram cerca das 7h (horário local) na estação de Atocha, a principal da rede de transportes públicos da capital, depois de momentos mais tensos entre elementos de um piquete e efetivos policiais.

Já na capital catalã, as filas nas principais vias de acesso prolongavam-se por 42 quilômetros. O protesto geral abrange os trabalhadores da Renfe, Adif, AVE e Feve, que têm marcadas concentrações e manifestações em várias cidades espanholas.

Contra a "privatização encoberta" dos transportes

No centro destas greves está o Real Decreto de 20 de Julho, que prevê, a partir de 31 de Julho de 2013, a liberalização do setor de transporte ferroviário nacional de passageiros.

O governo pretende, com este cenário de liberalização e mais concorrência, um aumento do número de operadoras, mais acessos a serviços de alta velocidade, um aumento do transporte de mercadorias e, em termos gerais, um serviço mais competitivo em qualidade e preços.

Os sindicatos consideram que estas medidas, que classificam como uma “privatização encoberta”, põem em perigo milhares de postos de trabalho, piorando os serviços.

Com Esquerda.net