Festa do Humanité: Espaço de luta e solidariedade internacional
Mais de 650 mil pessoas participaram desde a última sexta-feira (14) até domingo (16) da Festa do Humanité, jornal do Partido Comunista Francês. Numerosas vozes se levantaram contra o desemprego e os programas de arrocho europeus. E exigiram direitos para os trabalhadores e os povos.
Publicado 17/09/2012 06:41
O tradicional evento, um dos mais importantes de caráter político e cultural na Europa, teve uma participação excepcional e uma força que marcará por longo tempo a vida nacional, assinala um editorial do diário comunista publicado nesta segunda-feira (17).
A etapa seguinte, precisa o texto, será em 30 de setembro, quando se realizará uma manifestação nacional em Paris para reclamar um referendo sobre os tratados europeus mediante os quais os governos dos países da União Europeia pretendem generalizar as políticas de austeridade.
Patrick Le Hyaric, diretor do Humanité, destacou que em um momento de convulsões geradas pela crise, “L’Humanité expressou sua solidariedade com todas as forças progressistas representadas na festa".
O secretário nacional do Partido Comunista Francês, Pierre laurent, cobrou do presidente francês Françoius Hollande, a realização dos compromissos assumidos durante a campanha eleitoral : "Senhor presidente Hollande, éscute e candidato François, releia seuss discursos pois seu mandato lhe foi confiado pelos franceses. Se a batalha não for assunidfa imediatamente, será o candidato François que acusará o presidente Hollande".
Durante três dias, em centenas de mesas de debates, sindicalistas franceses e europeus denunciaram a grave situação do mercado de trabalho, cada vez mais afetado pelos planos de ajuste das grandes empresas transnacionais que buscam preservar seus lucros.
Bernard Thibault, principal dirigente da Confederação Geral dos Trabalhadores, anunciou uma jornada de ação pela defesa do emprego.
A festa foi também uma ocasião para mostrar a situação de povos e comunidades subometidos a graves condições de opressão.
Barbara Hendricks, célebre cantora de ópera estadunidense, denunciou a situação de milhões de refugiados no planeta que tratam de escapar de conflitos armados, desastres naturais ou da crise alimentar, diante da indiferença das grandes potências.
"Como cidadãos podemos intervir para pressionar nossos governos. Os problemas dos refugiados são políticos, portanto as soluções devem ser políticas", disse Hendricks.
Brasil e América Latina
Também concentraram os debates temas como os atuais processos de integração na América Latina e Caribe, o diálogo de paz na Colômbia e as próximas eleições na Venezuela.
O fim do bloqueio a Cuba e a libertação de cinco antiterroristas injustamente condenados nos Estados Unidos foram reclamados em atos de solidariedade com Cuba e nos múltiplos encontros de sua delegação com partidos políticos, organizações sindicais e sociais.
O Partido Comunista do Brasil também participou deste combativo encontro internacionalista, ao lado de companheiros da América Latina.
No espaço internacional da festa, chamado “Village du Monde”, foram promovidos debates no stand da República Bolivariana da Venezuela, sobre a integração latino-americana e a experiência Venezuela de transição ao socialismo.
O PCdoB participou também como debatedor em duas mesas no espaço principal da “Village du Monde” no domingo (16): "Guerras humanitárias, interesses econômicos e desestabização política" e "Revoluções e Contrarrevoluções na América-Latina".
Para Luisa Barbosa, do Comitê Estadual do PCdoB-RJ e do coletivo nacional de pós-graduandos, que representou o PCdoB no evento, os debates contribuíram principalmente com uma reflexão sobre a atual experiência da América-Latina no contexto de crise do capitalismo e do atual estagio do imperialismo: "A crise econômica, apesar de atingir a todos os países, é sentida com intensidade diferente nos diversos países do mundo. A América-Latina, que através de governos progressistas tem apresentado um modelo de desenvolvimento mais social e integrador, é um ambiente que precisa ser percebido com mais atenção pelas potências europeias que ainda insistem em austeridade e sacrificam o povo", disse Luisa.
A mesa sobre América-Latina contou, além do PCdoB, com a presença de representantes das embaixadas da Venezuela, Paraguai, Bolívia e do Partido dos Trabalhadores.
O debate reproduziu em grande medida o documento final da 18ª Reunião do Foro de São Paulo, que reafirmou o compromisso de ruptura com o neoliberalismo e de consolidação da soberania Latino-americana.
A batalha eleitoral da Venezuela e a tentativa desestabilização da direita e do imperialismo na América Latina, como no caso da deposição do presidente Lugo no Paraguai, foram também temas de discussão.
Para Farid Fernandez, da Embaixada da Republica Bolivariana da Venezuela na França, as forças progressistas de esquerda na América-Latina estão atentas e unificadas. Por isso, rechaçarão qualquer tentativa de golpe contra a soberania da região.
Iole Ilíada, secretária de Relações Internacionais do PT, também afirmou a importância da luta política do povo europeu para superar a crise.
O debate, que findou com a palavra de ordem "o povo unido, jamais será vencido", foi um espaço de otimismo e esperança para a construção de um novo tempo para a França e toda a Europa.
Luísa Barbosa, de Paris, especial para o Vermelho; com informações complementares do Humanité e Agência Prensa Latina