Louvre inaugura ala de arte islâmica
O presidente da França, François Hollande, inaugurou nesta terça (18) a sala de arte islâmica no emblemático museu do Louvre. O novo espaço de três mil metros quadrados estará aberto aos visitantes a partir do próximo sábado.
Publicado 18/09/2012 15:29

Obras originarias do Irã, Espanha, Índia, Turquia, Síria ou Argélia mostram o esplendor e o sentido estético refinado da cultura islâmica, em uma coleção que abarca dos séculos 7 ao 19.
Em agosto de 2003, o então presidente Jacques Chirac anunciou a construção desta seção, destinada a converter-se no oitavo departamento patrimonial do Louvre, e, cinco anos mais tarde, Nicolás Sarkozy colocou a primeira pedra da edificação.
Durante a cerimônia de inauguração, Hollande assinalou que os valores do Islã estão entre os mais antigos, vivos e tolerantes do mundo.
O chefe de Estado francês lamentou a destruição perpetrada por grupos extremistas dos mausoleos muçulmanos de Tombuctú, que fazem parte, disse, do patrimônio não só dessa civilização senão de toda a humanidade.
E, sem citar diretamente a onda de protestos que sacode os países árabes, por causa do filme anti-islâmico produzido nos Estados Unidos, Hollande disse em seu discurso que a arte e a herança das civilizações islâmicas são a melhor arma para combater o obscurantismo, a violência e o ódio que destroem os valores da religião islâmica.
O presidente francês disse considerar como "um ato político e um ato de paz" a inauguração do novo departamento de Artes do Islã no Louvre
A nova seção ficará aberta ao público no próximo sábado. As salas contêm três mil peças de arte muçulmana, persa, turca e mongol, vindas da própria coleção do Louvre e do vizinho Museu de Artes Decorativas – algumas não são vistas há 10 anos e outras ficaram meio século guardadas por falta de espaço para exposição. A seção foi concebida por Sophie Makariou, chefe de arte islámica do Louvre, e percorre três continentes, desde a Espanha até a Índia, e doze séculos.
Entre outras obras monumentales, estará exposto um muro otomano de cerâmica de 12 metros, nunca antes exibido e cuja reconstrução requereu longos anos de trabalho.
Também se poderá apreciar a Pixide d'a o-Mughira, uma peça primorosamente talhada em marfim originária de Córdoba, Espanha, bem como numerosas edições do Corão. O departamento de arte do Islã faz parte do ambicioso projeto do Grande Louvre, iniciado faz 30 anos por François Mitterrand, com a edificação das pirâmides de cristal e aço e continuado pelos governos posteriores.
A cobertura do pátio Visconti, às margens do Sena, dá um toque de modernidade à seção. O italiano Bellini e o francês Ricciotti ganharam o concurso em 2004 com uma ideia: fechar boa parte do pátio, mas não todo, com uma grande boina de cristal e alumínio dourado, ondulada. A cobertura "voa" a distâncias diferentes, de 1,5 a oito metros. A construção não levantou a polêmica criada pelas pirâmides de cristal, quer foram vistas por muitos como um sacrilégio.
"O pavilhão do islã é a maior intervenção arquitetônica no Louvre desde então", recorda o diretor do museu, Henry Loirette, “Pensamos em fazer um novo museu, mas Chirac insistiu que a coleção islâmica fosse parte do Louvre, pois é nossa herança cultura e se conecta muito bem com o resto do museu".
A abertura levanta, como em quase todas as coleções dos velhos museus ocidentais, algumas dúvidas éticas e políticas. O Louvre é o museu da revolução, da monarquia e da república laica, mas não se salva das críticas de paternalismo e pós-colonialismo. Países como a Turquia reclamam suas peças, alegando que foram roubadas durante invasões na época do colonialismo ocidental.
Com agências