“Essa turma do Araguaia é incrível”, afirma autor de “MATA!”

O jornalista e escritor Leonencio Nossa desembarcou na capital baiana, nesta sexta-feira (21/9), para lançar o seu novo livro, batizado de “MATA!” (Companhia das Letras, R$ 45), sobre a Guerrilha do Araguaia (1966-74). Entre os jornalistas e estudantes que foram acompanhar o lançamento, estava presente Sônia Haas, a irmã de um dos guerrilheiros mortos, o médico João Carlos Haas.

A pesquisa de Nossa começou há dez anos e, nesse período, o jornalista visitou a região do Bico do Papagaio (nas imediações do rio Araguaia), entrevistou mais de 150 pessoas e reuniu documentos inéditos, que recontam a luta armada proposta pelo PCdoB no Norte do país, durante o regime militar.

Durante a apresentação, o jornalista contou as experiências da produção e as dificuldades encontradas durante o percurso para montar o “quebra-cabeça” desse episódio ainda desconhecido pelos brasileiros. “Nem 15% dessa história estão contados. O Araguaia é um capítulo da História do Brasil que ainda vai demorar muito para ser conhecido”, pontuou.

Um dos personagens centrais do livro é o major Sebastião Rodrigues de Moura, mais conhecido como Curió, que se tornou um símbolo da repressão da Ditadura aos guerrilheiros. Nossa teve acesso ao arquivo pessoal do major e revela detalhes das prisões, torturas e assassinados dos guerrilheiros, entre os militantes do partido e nativos.

O título do trabalho, “MATA!”, tem significado dúbio, segundo o autor. “É uma referência a uma mata de muitas árvores genealógicas que tive que construir para identificar as famílias de muitos guerrilheiros e camponeses e, sobretudo, uma alusão a essa política de Estado de matar”, explicou.

Leonencio ainda demonstrou uma grande admiração pela luta dos 69 militantes pela libertação do país das mãos dos militares. “Essa turma que foi para o Araguaia é incrível. Queria muito ter conhecido cada um deles”, disse.

No final, Sônia Haas aproveitou a ocasião para agradecer ao jornalista pela iniciativa que, segundo ela, contribui não só para a elucidação dessa História, mas também para desfazer alguns equívocos. “Os guerrilheiros não eram rebeldes, ‘ripongas’, como ficaram conhecidos. O livro tira essa verdade do breu”, pontuou.

Além de “MATA!” (450 páginas), o jornalista já publicou “O rio”, “Viagens com o presidente” e “Homens Invisíveis”, além dos cadernos especiais “Guerras desconhecidas do Brasil” e “Os meninos do Contestado”, publicados no jornal O Estado de São Paulo. Atualmente, ele é contratado do Grupo Estado, mas já teve passagens pelos jornais A Gazeta e Jornal do Brasil, e pela revista Época.

De Salvador,
Erikson Walla