Ocidente usa um peso e duas medidas na Síria

A Síria tornou-se palco de demonstração da política de duplos padrões praticada pelo Ocidente. Foi assim que peritos russos têm comentado as notícias sobre a sua intenção de fornecer à oposição síria um lote de armas e as sanções aplicadas contra uma empresa bielorrussa, suspeita de fornecimento de armamentos ao governo de Damasco.

Por Konstantin Garibov, na Voz da Rússia

O Ocidente pretende fornecer armas pesadas aos oponentes do regime de Assad. Trata-se de metralhadoras de grande calibre, sistemas de mísseis e artilharia antiaérea, segundo apuraram fontes diplomáticas em Moscou. A questão do reforço de assistência militar à oposição figurou na agenda da recente sessão ordinária dos Amigos da Síria que teve lugar na Holanda.

Foi ali que os delegados de 60 países europeus e árabes se debruçaram sobre a questão de envio de novos mercenários que acelerem o derrubamento do regime do atual presidente Bashar Assad.

Ao mesmo tempo, os EUA acusaram a empresa bielorrussa Belvneshpromservice de ter fornecido armas ao governo da Síria. Claro que Minsk qualificou de infundadas estas suspeitas, considerando o recrudescimento das sanções contra a companhia bielorrussa como uma tentativa de exercer pressão sobre o país que se pronuncia a favor da regularização pacífica do conflito naquele Estado árabe. A situação criada a respeito foi comentada por Serguei Demidenko, perito do Instituto de Análise e Previsões Estratégicas.

"Não vejo nada de incomum nesta situação. Os EUA reiteraram a sua atitude para com a Síria que é partilhada por aqueles países que também se opõem ao regime de Assad. Deste modo, a oposição será apoiada, não obstante quaisquer declarações relativas à normalização política. É a política de duplos padrões da qual de novo fomos testemunhas".

O presidente do Instituto do Médio Oriente, Evgueni Satanovski, chama atenção para o fato de os padrões duplos norte-americanos terem sido inerentes a qualquer litígio ocorrido à escala mundial.

"No contexto da política dos EUA, esta tradição tem pouca coisa a ver com a guerra civil na Síria, na qual, conforme a política externa norte-americana, se coloca a tarefa desmantelar o regime de Assad. Por isso, tudo que possa ser útil e conveniente para os opositores e os terroristas não se nota ou se apóia, enquanto que tudo que contribua para o êxito das tropas governamentais se sujeita a sanções".

Em face disso, Moscou voltou a apontar a necessidade de apostar na regularização política sem recurso a qualquer ingerência externa. Tal abordagem do problema foi confirmada pelo vice-ministro russo das Relações Exteriores, Mikhail Bogdanov, em reunião com o embaixador plenipotenciário da Síria na Federação Russa, Riad Haddad. O alto diplomata manifestou agradecimentos à Rússia pela prestação da ajuda humanitária à população do seu país.

Na sexta-feira, um avião do Ministério russo das Situações de Emergência levantou voo com destino a Damasco levando a bordo 38 toneladas da ajuda humanitária, incluindo conservas e alimentos para crianças. Na quinta-feira, uma carga análoga foi entregue ao Crescente Vermelho da Síria. O Ministério de Relações Exteriores da Rússia exorta todos os amigos reais desse país árabe a seguirem o exemplo de Moscou, ajudando a superar a gravosa crise humanitária.

Fonte: Voz da Rússia