Stiglitz avalia que crise global está longe de terminar

O economista americano Joseph E. Stiglitz, prêmio Nobel em 2001, não está otimista em relação à recuperação dos Estados Unidos e acha que a crise global está longe de terminar. Segundo ele, o anúncio feito na semana passada pelo Federal Reserve (Fed), de mais medidas de estímulo na expectativa de combater o desemprego, mostra que "o Fed reconhece que a economia americana não está indo bem".

Stiglitz lembrou que grande parte da população americana ainda tem dificuldades para encontrar emprego em tempo integral e muitos estão trabalhando por meio período – algo que não é um bom sinalizador. A taxa americana de desemprego está acima de 8%.

Stiglitz, que foi economista-chefe do Banco Mundial e participou do governo de Bill Clinton, também citou que o governo precisa encontrar uma solução para refinanciar o programa de hipotecas e atender uma grande parcela da população. "Não estou otimista e o motivo é que as políticas de incentivo talvez não sejam substanciais para resolver o problema", disse.

Stiglitz também se mostrou cético em relação a notícias sobre o consumo nos Estados Unidos, que voltou a subir, embora seja um crescimento pequeno. "A recuperação do consumo é insignificante, se considerar que grande parte da população americana, de baixa renda, não está se beneficiando."

O economista avaliou ainda como "muito sério" o problema por que passa o euro. Severo crítico da austeridade imposta por governos europeus, ele disse que esse tipo de medida traz recessão, lembrando o caso da Argentina durante o período de turbulência financeira. Mas acha que o euro pode ser salvo. "Este é o meu cenário otimista para a zona do euro", disse ele em Nova York, em palestra organizada pela indústria química alemã Lanxess.

Sobre o Brasil, ele afirmou que o governo adotou boas políticas macroeconômicas nos últimos anos, mas a desaceleração pela qual o país passa é reflexo de sua forte dependência das commodities. A desaceleração da China provoca impacto negativo nos países exportadores de commodities, caso do Brasil. Contudo, ele avalia que o governo chinês tem "os recursos, as ferramentas e os incentivos para que a economia não desacelere tanto".

Fonte: Valor