"Esquerda Nacionalista persuadiu ETA a abandonar armas"

Arnaldo Otegi, o líder separatista basco preso em Logroño, considera que a aposta da esquerda nacionalista nas vias pacíficas e no trabalho para "convencer" o ETA são os úncios responsáveis pela decisão da organização armada de abandonar a violência, disse em uma entrevista publicada pelo jornal Gara.

"Se a luta armada do ETA desapareceu da equação político basco, unicamente foi pela decisão de usaras vias políticas adotados pela esquerda nacionalista", disse Otegi.

"Nós fomos capazes de convencer o ETA de que a única maneira desejável era essa", disse o líder separatista da prisão de Logroño, na qual está há dois anos acusado de tentar reconstruir o partido Batasuna , proibido em 2003 pelo Estado espanhol.

Sobre as alegações que o levaram à condenação, disse que "construíram uma história acusadora" para negar a evolução da estratégia da esquerda nacionalista e "defender que tudo faz parte de um plano elaborado pelo ETA".

A oito dias de aparecer perante o Supremo Tribunal por este caso, e a 27 dias das eleições bascas, Otegi observou que a nova estratégia da esquerda nacionalista está em sintonia com o povo e tem feito grandes progressos, e que ela está ganhando o Estado espanhol. No entanto, ainda defendeu unir forças em termos táticos e estratégicos.

Politicamente, meu balanço é que nossa mudança de estratégia quebrou a agenda do bloqueio que o estado tratava com absoluto conforto. Hoje quem define a agenda política no País Basco é o movimento soberanista e independista das esquerdas.

Arnaldo Otegi disse que mudou-se a correlação de forças e a comunidade internacional foi envolvida na resolução do conflito político no País Basco. "Em apenas cerca de alguns anos, situamos o independentismo de esquerda como segunda força política no País Basco, com mais de 310 mil votos".

Questionado sobre a estratégia de bloqueio do Estado espanhol e sobre o que pode ser feito para superá-la, Otegi reiterou que "o Estado só modificará sua estratégia repressiva quando esta gerar mais custos (em termos de opinião pública e político) do que benefícios, e acrescentou que "é uma questão de credibilidade e relações de poder".

O ex-porta-voz do Batasuna citou o exemplo do partido Bildu, que irrompeu como força legal há um mês no mapa institucional Basco, e que "ocupa já o centro do espaço político basco" e, observou, com a cascata de adesões e declarações de vários setores a favor do Bildu. "A pressão em todos os níveis era insustentável, inclusive para as áreas do Poder Judiciário".

Ele também reconheceu que até o momento não há equilíbrio de poder suficiente para forçar o governo espanhol a "reconhecer e respeitar" um marco democrático para o País Basco e que "construir e articular essa relação de forças é o nosso objetivo".

Ele se referiu ao próximos passos do processo Basco como a construção de um grande acordo de caráter democrático com aqueles setores interessados em uma solução democrática para o conflito. "Que entendem que o País Basco é uma nação e respeitem o direito dos cidadãos.

Fonte: La Jornada