Lavrov: Inação contra bandos armados é incitamento ao terrorismo

A recusa de cumprir os acordos de Genebra sobre a resolução do conflito na Síria põe em questão o cumprimento dos princípios básicos do Conselho de Segurança da ONU na luta contra o terrorismo, disse o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, na reunião deste órgão da ONU.

Por Olga Denissova, na Voz da Rússia

Não obstante também participar da reunião do Conselho de Segurança, a secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton não ouviu as palavras do chefe da delegação russa. Antes de ele iniciar seu discurso a secretária de Estado se levantou e saiu, supostamente devido a mais uma reunião bilateral. Hillary Clinton, ao que parece, considerou-a mais importante.

Como se sabe, os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU há mais de um ano que não conseguem chegar a um acordo sobre a questão síria, mas, entretanto, a situação nesse país continua a ser o maior problema do Oriente Médio. Antes do início da reunião do Conselho de Segurança em Nova York, as posições de alguns de seus membros já eram conhecidas.

Da tribuna da Assembleia Geral, o presidente dos EUA Barack Obama disse que o "sofrimento" do povo sírio só terminará com a saída de Bashar al-Assad. O presidente francês François Hollande apelou à ONU para iniciar operações ativas na Síria e proteger as áreas que são controladas pela oposição.

Direta ou indiretamente, não são só os sírios que se viram envolvidos nesse conflito. Encontrar uma saída só é possível em conjunto, disse em seu discurso Serguei Lavrov:

“Uma grande parte da responsabilidade pelo derramamento de sangue contínuo é dos países que simultaneamente incitam os oponentes de Bashar al-Assad a desistir do cessar-fogo e do diálogo, e a exigir a rendição incondicional do regime. Esta abordagem não é apenas irrealista mas, na verdade, tolera métodos de terrorismo, aos quais a oposição armada está recorrendo cada vez mais”.

O mais importante, enfatizou Serguei Lavrov, é que todos os participantes da reunião de Genebra não retirem o seu apoio aos acordos nela concluídos.

Lembre-se que o comunicado de Genebra do “Grupo de Ação” foi aprovado pelos membros permanentes do Conselho de Segurança, pela Liga Árabe, a Turquia, a UE e o secretário-geral da ONU. No entanto, para alguns países, o documento permanece no papel, notou Serguei Lavrov:

“A declaração conjunta dos ministros de Relações Exteriores do Brics fornece uma avaliação objetiva das maneiras de sair da crise síria e apoia o comunicado de Genebra como base para tais ações. Eis uma base para chegar também a um consenso no Conselho de Segurança da ONU, a falta do qual preocupa tanto alguns de nossos colegas.”

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sublinhou também que não existe uma solução militar para o problema da Síria. A questão síria não é a única na região. Tão pouco se veem progressos notáveis na resolução do conflito israelo-palestino:

“A Rússia apela insistentemente a maiores esforços da parte do “quarteto” de mediadores do Oriente Médio, em estreita cooperação com a Liga Árabe, para uma rápida retoma das negociações palestino-israelenses. Nós consideramos um grave erro a incapacidade do “quarteto” de realizar uma reunião ministerial à margem do debate político geral da sessão atual da Assembleia Geral da ONU.”

Nos corredores da ONU explicaram – a reunião do “quarteto” de mediadores sobre o acordo palestino-israelense não aconteceu por falta de vontade… dos Estados Unidos. Quem duvidaria!