"Apoio de Lula foi essencial para minha guinada", diz Vanessa

Em agosto, Vanessa Grazziotin, candidata do PCdoB à prefeitura de Manaus (AM), aparecia nas pesquisas de intenção de voto com 10 pontos percentuais atrás de Arthur Virgílio, do PSDB. Na leitura divulgada em 20 de setembro, a senadora aparece empatada com o tucano. Em entrevista ao Brasil Econômico, Vanessa disse que "o apoio de Lula foi fundamental para minha guinada. Ele é muito querido em Manaus, porque favoreceu muito o Amazonas e a Zona Franca de Manaus".

"Apoio de Lula foi essencial para minha guinada", diz Vanessa - Brasil Econômico

Brasil Econômico: Como a senhora avalia os recentes levantamentos de intenção de voto, nos quais aparece empatada com Arthur Virgílio?
Vanessa Grazziotin: Fico realmente lisonjeada com a nossa evolução, mas considero as pesquisas somente um retrato do momento. Eu não fico eufórica quando as pesquisas são favoráveis a mim, tampouco abatida quando elas não me favorecem tanto assim.

Brasil Econômico: O apoio de Luiz Inácio Lula da Silva representou um impulso na sua campanha?
VG: O apoio do ex-presidente Lula é muito importante e ajuda muito, porque ele é muito querido em Manaus. Não só porque ele é o Lula, operário, com quem o eleitorado se identifica muito, mas também porque ele favoreceu muito o Amazonas e a Zona Franca de Manaus, diferentemente do governo federal que o antecedeu. O apoio de Lula foi fundamental para minha guinada.

Brasil Econômico: De que maneira a senhora pretende investir e atuar na Zona Franca de Manaus?
VG: Se eu for eleita, eu terei uma atuação muito diferenciada do atual prefeito, Amazonino Mendes, e dos anteriores. Eu estou em Brasília há 14 anos, onde atuei como deputada federal e agora como senadora, e todas as vezes que surgem propostas vinculadas a questões tributárias, eles esquecem de tratar de maneira diferenciada a Zona Franca de Manaus. Então, a gente vai trabalhar para que isso aconteça conforme foi estabelecido previamente. Com o presidente Lula, a gente teve essa receptividade. Só que quem se mobiliza para isso são os governadores e a prefeitura é muito ausente. Eu, enquanto prefeita, terei uma ação muito forte e firme na defesa da Zona Franca, principalmente perante o governo federal. Além disso, estarei aqui para cuidar do plano, principalmente a infraestrutura. Até porque existe uma deficiência de infraestrutura muito forte aqui, as próprias vias do distrito industrial são esburacadas, nossos portos não atendem a demanda e o aeroporto está sendo reformado, mas esse projeto precisa ser mais ágil. Porque não recuperam as pequenas vias do distrito? Isso acontece porque a prefeitura passa a responsabilidade para o governo federal e o caminho inverso é estabelecido. E eles não conseguem achar uma solução juntos. Na minha gestão, pretendo sanar esses problemas.

Brasil Econômico: Como é a sua relação com o governador e a presidente? Acredita que conseguirão fazer trabalhos em conjunto?
VG: Eu não tenho dúvida que todos os candidatos sabem da importância deste vínculo com a presidência da República e o próprio governo do estado. O meu adversário, Arthur Virgílio, que é da oposição e nunca respeitou o governo, já disse que vai estender a mão humildemente para a Dilma. Somos aliados, mas o que mais importa é a convergência de um projeto de país, de estado e de cidade. Acredito que conseguiremos estabelecer projetos satisfatórios em função dessa relação amistosa. O que dificilmente aconteceria caso Virgílio fosse eleito, ele ofereceria resistência a tudo. A relação com o governador também é bastante favorável. Assim como a presidente ele também me apoia, então acho que conseguiríamos trazer muitos benefícios à nossa região.

Brasil Econômico: Como a senhora encara os enfrentamentos com Vírgilio? Como assimilou quando o TRE lhe obrigou a tirar uma propaganda eleitoral?
VG: Assim como eu, ele também teve que fazê-lo em algum momento. Procuro uma convivência pacífica com meus adversários. Acredito que a maioria tema a minha candidatura em função das coligações e apoios que conquistei.

Brasil Econômico: Teria algum significado especial vencer o tucano?
VG: Não, eu não dou nenhuma importância a isso. Eu darei importância a minha vitória, não levarei em consideração a pessoa que possivelmente eu possa derrotar. E eu sou candidata por isso. Manaus tem sofrido muito com os desencontros políticos. Se eu me proponho a trocar um mandato de seis anos por um de quatro, é pela cidade e pelas pessoas.

Brasil Econômico: Quais desencontros destacaria em Manaus? Quais dificuldades eles proporcionaram à cidade?
VG:
Muitos, mas temos um problema com água e saneamento, que apesar de toda a infraestrutura ter sido feita, muitos cidadãos não têm água em casa. E sabe o que falta? Assinar um acordo entre estado, prefeitura e a empresa concessionária. As divergências políticas vigentes travam essa resolução simples. O município não constrói uma casa para o programa Minha Casa, Minha Vida. Nenhuma creche foi feita até agora. Manaus tem 2 milhões de habitantes quase sem creches. Levou três anos para prefeito e governo entrarem em consenso sobre o projeto do monotrilho.

Brasil Econômico: O seu plano de governo prioriza projetos de alguma área específica?
VG: Eu quero de imediato desenvolver um projeto de médio e longo prazo para aliviar o trânsito da cidade, o transporte coletivo. Preciso resolver urgentemente questões básicas da saúde, construir as creches que não foram feitas e ficaram apenas nas promessas. As mães de Manaus não podem trabalhar porque não têm onde deixar os seus filhos, impedindo que as famílias tenham melhor qualidade de vida.

Brasil Econômico: Como foi o processo de escolha do seu nome como prefeiturável do PC do B? Foi realmente atribulado?
VG: Foi uma decisão dos partidos de coligação, que são fortes e compõem a base a aliada do governo Federal, ou seja, o PT, o PSD, do governador, e o PMDB, do vice-presidente. Os partidos decidiram que o meu nome era o único capaz de aglutinar o apoio de todos. Além disso, o eleitorado tem segurança em mim. Se a minha candidatura foi capaz de juntar tantos apoios, isso revela uma virtude minha em fazer política. Eu sou de um partido pequeno, mas eu sempre busquei fazer uma política de alianças e sou muito leal às alianças. Não acredito nas pessoas e sim nos projetos que elas me propõem. Pretendo que a minha gestão reflita a maneira como estou conduzindo a minha candidatura. O meu objetivo é juntar forças e conseguir conduzir a prefeitura de Manaus para esse ambiente de ação conjunta com o governo federal e estadual.

Brasil Econômico: Como a senhora encara as declarações do seu opositor, Serafim Corrêa (PSB), de que sua postura teria sido omissa ao assumir o posto de candidata antes ocupado por Rebecca Garcia?
VG: Omissa seria eu se não aceitasse um convite, um chamamento que me foi feito por todos os partidos. Fui corajosa, porque seria muito mais cômodo eu continuar com meu mandato de senadora, no qual eu tenho um desempenho crescente pela minha experiência. Ele deveria ser honesto com a cidade e comprovar as acusações que faz contra o senador Eduardo Braga (Ele insinua que Braga teria obrigado Rebecca a desistir de sua candidatura).

Brasil Econômico: O prefeito Amazonino Mendes tem uma postura bastante pacífica e amigável e estaria apoiando duas vertentes nesta primeira fase, tanto a senhora quanto Virgílio. No caso de um segundo turno, quem Amazonino vai apoiar?
VG: Eu espero que sim. Não é que ele se decida, e sim que se revele. Porque decidido ele já está. Todos os candidatos batem em mim, tentam me desestabilizar ou porque eu tenho o apoio da Dilma, ou tentando me vincular ao Amazonino. Arthur principalmente. Ele é quem tem o apoio do atual prefeito e tenta confundir os eleitores, atribuindo o apoio do atual prefeito a mim. Porque ele faz isso? Isso apenas com base no fato de o meu candidato à vice-prefeito, Vital Melo, indicado pelo PT, ter sido secretário na gestão do Amazonino. Quero dizer que eu não tenho absolutamente nada a ver com o Amazonino. O PCdoB tem uma vereadora na Câmara que ganhou uma representação porque esteve no ministério de contas contra uma licitação de R$2,5 bilhões no final do governo, que seriam destinados a projetos de aterros sanitários. No segundo turno, isso vai ficar bem claro. Vai ficar esclarecido que ele está bancando toda a campanha do meu adversário, Arthur Virgílio, inclusive reunindo garis, secretárias.