Vereador Roberto Monteiro envia carta ao eleitor descrente
Em carta endereçada ao eleitor descrente, o vereador da cidade do Rio de Janeiro Roberto Monteiro pelo PCdoB — que concorre à reeleição na Câmara Municipal — aborda a negação da política, que, incentivada pela mídia hegemônica, imputa ao povo a “noção de que a política é uma coisa abjeta e que deve ser evitada”.
Publicado 04/10/2012 15:58
Roberto Monteiro afirma que, para o senso comum, “existem bons e maus médicos, bons e maus advogados, mas não existem bons e maus políticos: são todos da mesma espécie”.
O candidato à reeleição chama a atenção ainda que a honestidade é uma obrigação básica e que “o político deve prestar contas de sua prática e dos ideais que a orientam, até para que o cidadão julgue se a prática é coerente com os ideais”.
Leia abaixo a íntegra da carta:
E o povo, que sofria realmente com a miséria, a violência e o desemprego, ouvia com atenção essa nova corrente que se apresentava como “anti-política”. Inclusive prometia, ao chegar ao poder, abolir a política e instaurar o reino da honestidade, onde apenas o interesse público prevalecesse, para o bem comum.
Primeiro na Itália, depois na Alemanha, os líderes deste movimento, chamado fascismo, ganharam o poder, com Mussolini e Hitler proclamando abertamente que, em seus países, a política tinha sido “derrotada pela honra”.
O que se via nestes países, no entanto, no lugar da “política”, eram duas ditaduras sanguinárias, corruptas, racistas, que ao final conduziram o mundo para uma guerra que ceifou quarenta milhões de vidas.
Hoje, mais de 90 anos depois do surgimento do fascismo, em pleno século 21, voltamos a assistir no Brasil um fenômeno correlato.
Incentivada pela mídia hegemônica (grandes jornais e TVs a serviço do capital) firma-se entre o povo a noção de que a política é uma coisa abjeta e que deve ser evitada. Para o senso comum, existem bons e maus médicos, bons e maus advogados, mas não existem bons e maus políticos: são todos da mesma espécie.
Este raciocínio raso serve aos interesses dos poderosos, pois como dizia Bertold Brecht, “que continuemos a nos omitir da política é tudo o que os malfeitores da vida pública mais querem”.
Quem escreve este artigo é um político. E mais, político parlamentar, vereador do Rio de Janeiro e que busca a reeleição.
Para mim política é, como dizia Proudhon, “a ciência da liberdade”, pois só através da ação coletiva, livre e consciente, podemos transformar a realidade.
Foi pensando assim que, em 1995 filiei-me ao PCdoB, partido fundado em 1922, e iniciei minha militância política.
Em 2007 assumi uma cadeira de vereador na Câmara Municipal.
Faço política de forma honesta e continuo morando no mesmo bairro em que nasci, Méier, mas essas não são as questões essenciais. As grandes questões que definem um político são: “que ideias você defende? Como é sua prática política?”. Essas são as questões que importam e que são raramente pesquisadas pelo eleitor. Sabendo disso, alguns candidatos se apresentam como baluartes da ética e da moral, mas na grande maioria dos casos, o discurso centrado na ética encobre uma prática política pobre e/ou corrupta.
Não basta ao parlamentar ser honesto (o que, aliás, é uma obrigação básica) mas deve ser também produtivo no exercício do seu mandato. Se depois de anos de mandato o candidato só tem para apresentar a alegação de que foi honesto, fica claro que ele furtou o eleitor de outra forma, recebendo para ser vereador (ou deputado, ou senador) sem ter trabalhado para isso.
Na verdade, o político deve prestar contas de sua prática e dos ideais que a orientam, até para que o cidadão julgue se a prática é coerente com os ideais.
Se você, por cansaço ou descrença, abre mão de fazer esse questionamento, deixa espaço para eleger aqueles que distribuem dentaduras, remédios ou abusam do poder econômico.
De minha parte, preciso sim do seu voto para minha reeleição (número 65123), não por um projeto pessoal, mas por um projeto coletivo, que luta pela construção de uma sociedade cada vez mais justa e democrática, na perspectiva do socialismo. Minha prática você pode acompanhar neste meu material de prestação de contas. Basta clicar ou colar o endereço no seu navegador.
Pode-se discordar das minhas ideias, mas não se pode negar que faço política baseado nelas.
Peço seu voto, mas independente disso, agradeço por você ter lido este texto até o final, com a esperança de que você participe cada vez mais politicamente da vida da sua cidade e do seu país.
Um abraço,
Vereador Roberto Monteiro – 65123