A iluminada voz de Áurea Martins

Mais uma voz feminina da MPB marginalizada no mercado fonográfico, onde esta há cerca de 50 anos.

Por Marcos Aurélio Ruy (*)

Áurea Martins

Tive mais um privilégio de ter em mãos, ouvidos e olhos, o DVD comemorativo dos 40 anos do primeiro disco gravado por Adilma Pereira dos Santos, que adotou o nome artístico de Áurea Martins, nascida no dia 13 de junho de 1940, no Rio de Janeiro. Seu talento é tamanho que a cantora Elizeth Cardoso nunca perdia um show dela.

Mesmo assim e apesar do sucesso de Áurea na noite carioca, ela só conseguiu gravar o primeiro disco em 1972 – o LP O amor em paz – após ser a primeira colocada no programada da TV Tupi A grande chance, de 1969, pelo qual recebeu como prêmio a gravação de um disco. Ela começou sua carreira nos anos 1960, no programa Tribunal de Melodias, comandado por Mário Lago e Paulo Gracindo, sendo depois contratada pela importante Rádio Nacional, do Rio.

Com 72 anos, ela tem em seu currículo além de O amor em paz (1972), A voz rouca da crooner (2004), Até sangrar (2008), De ponta cabeça (2010), comemorativo de seus 70 anos de vida, e, agora, o DVD Iluminante.

Em 2009, o cineasta Zeca Ferreira fez o curta Áurea, em homenagem a ela, com narração de Fernanda Montenegro e participações especiais de Chico Buarque, Hermínio Bello de Carvalho, entre outros. O curta ressalta a história dessa grande cantora que interpreta canções de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, Chico Buarque, João Bosco e Aldir Blanc, Sueli Costa, Hermínio Bello de Carvalho, Johnny Alf, Herbert Vianna, Herivelto Martins, Dolores Duran, Terra Trio e outros.

Defender a cultura nacional é tão fundamental quanto lutar pela democratização dos meios de comunicação e outras reformas essenciais para o avanço da democracia no país. Já passou da hora de valorizar os talentos esquecidos pela mídia! Música boa para todos é essencial.

(*) Colaborador do Vermelho

A música


(Cena do curta Metragem Áurea Martins, de Zeca Ferreira, 2009, com a música Janelas Abertas
(Tom Jobim e Vinicius de Moraes)

Sim
Eu poderia fugir, meu amor
Eu poderia partir
Sem dizer pra onde vou
Nem se devo voltar

Sim
Eu poderia morrer de dor
Eu poderia morrer
E me serenizar

Ah
Eu poderia ficar sempre assim
Como uma casa sombria
Uma casa vazia
Sem luz nem calor

Mas
Quero as janelas abrir
Para que o sol possa vir iluminar nosso amor