Publicado 08/10/2012 14:36 | Editado 04/03/2020 16:47

Uma disputa às claras, na televisão, na internet e na rua, para expor um conjunto de ideias e propostas a milhões de corações e mentes. Essa odisseia a que chamamos eleição, é, sem dúvida, um dos pontos mais marcantes da vida social brasileira. A cada dois anos, por vezes com a mesma paixão com que discutimos o desempenho de nossos times do coração, travamos debates na rua e em nossos lares sobre o melhor candidato a nos representar a cada eleição.
Essa, certamente, é uma característica muito saudável da cultura brasileira: o diálogo franco e aberto sobre diferentes posições. O fato desses debates acontecerem a cada dois anos, envolvendo mais de 100 milhões de brasileiros, faz da nossa democracia uma das mais amplas e consolidadas do mundo.
Poucos países envolvem tantas pessoas em um processo tão intenso de decisão sobre nosso futuro. No caso das eleições municipais, que vivemos exatamente hoje, é mais evidente o poder que o voto de cada um de nós tem sobre o destino da nossa sociedade. O simples trajeto, de casa até a seção eleitoral, já nos faz pensar sobre o quanto acertamos ou não na escolha que fizemos quatro anos antes. A situação das ruas, do transporte coletivo, da sinalização, do saneamento… Sem contar tantos elementos que levamos em conta no restante do ano, como a qualidade do ensino e da saúde pública.
O fato de, neste único dia, decidirmos boa parte do que acontecerá com a cidade em que vivemos nos próximos anos faz da eleição um momento de beleza muito especial. Digo beleza porque, neste momento mágico, qualquer um dos mais de 100 milhões de eleitores brasileiros tem exatamente o mesmo valor. Em verdade, é o único momento em que há igualdade real perante a lei.
No entanto, esse processo, resultado de 20 anos de luta popular contra um regime ditatorial tem, obviamente, seus defeitos. Aqui mesmo no Maranhão, podemos observar alguns deles.
A compra de votos, o abuso do poder econômico e do poder político – por meio do uso da máquina – são ameaças terríveis à democracia brasileira. São formas que os grupos que se encontram no poder utilizam para ter uma influência maior no processo eleitoral, desequilibrando o jogo democrático.
Por isso, uma série de medidas vem sendo tomadas para aprimorar a democracia brasileira. E ainda urge a aprovação de uma reforma política no Congresso Nacional.
Da parte do eleitor, é importante ficar de olho para rejeitar esses desvios. Desconfie de quem usa o poder da máquina pública que ocupa ou do poder econômico que representa para tentar fazer prevalecer suas posições na sociedade.
E, na hora de votar, temos de estar bem atentos para não acreditar em quem baixa o nível das campanhas, sem apresentar propostas e apenas fazendo ataques inomináveis aos adversários.
Infelizmente, as forças contrárias às mudanças não medem esforços para fazer perdurar o domínio de poucos sobre muitos. Não abrem mão nem das mentiras mais vis para tentar manter as coisas como estão.
Também é preciso estar atento aos políticos que prometem mundos e fundos sendo que, nas oportunidades que tiveram, não realizaram nem metade do que agora dizem que farão.
Que nesses processos, como os de hoje, tenhamos a coragem de adotar o rumo da mudança. Sem medo. Os tempos que estão ficando para trás não serão lembrados com saudade.
Flávio Dino, 43 anos, é presidente do Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur), foi deputado federal e juiz federal