Haddad defende mudanças e diz que “mensalão” tem DNA tucano

O candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo que a campanha do tucano José Serra é "hipócrita" e acusou o rival e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de "abafar" investigações contra seus pares.

“Aproveitar o atraso no julgamento de outro processo é uma conduta hipócrita da campanha do Serra. Esta é a grande diferença entre os governos Lula e FHC. Um deu impulso à investigação. O outro, não. Eles abafam como podem as investigações.”

Haddad lembrou que, após o julgamento da Ação Penal 470, será iniciada a análise o “mensalão mineiro” – que envolve o PSDB. “Precisamos tratar o debate da ética sem hipocrisia, e não como se o PSDB não tivesse nada com o assunto”, afirmou.

“O Ministério Público diz que o mesmo esquema foi usado para financiar partidos políticos. Não há como punir um e não punir o outro. O DNA do problema é tucano”. E defendeu que se o STF usar a mesma “métrica” no novo julgamento, condenará dirigentes do PSDB.

O candidato das forças progressistas disse que, para ele, “discutir ética é muito simples”. Haddad participou do governo da ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e esteve à frente do Ministério da Educação durante os governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidenta Dilma Rousseff – sem nenhuma insinuação que questionasse sua conduta.

Segundo turno

Em relação à possibilidade de receber o apoio dos ex-candidatos Celso Russomanno (PRB) e Gabriel Chalita (PMDB) no segundo turno das eleições paulistanas, Haddad disse que existe um ambiente favorável.

“Eles também fizeram uma campanha pela mudança, e não pela continuidade da atual administração. PT, PMDB e PRB compõem a base do governo Dilma, e uma das críticas que mais faço é à falta de visão da Prefeitura para fazer parcerias.”

Para ele, existe a possibilidade do isolamento de Serra nesta nova etapa das eleições. “As coisas vão se afunilar, é para isso que serve o segundo turno. Espero que este quadro se confirme. Seria coerente com a pregação dos candidatos no primeiro turno.”

Ele manteve a defesa de que política e religião não devem se misturar aos debates eleitorais. E afirmou que Russomanno recebeu uma votação expressiva, de mais de um quinto da capital paulista. “Desconsiderar isso é desconsiderar o desejo do eleitor por mudança.”

Haddad disse que considerou genuína a preocupação do candidato do PRB com a segurança da capital. “A temática da qualidade do serviço público, que ele trouxe com força para a campanha, também merece toda a consideração”, ressaltou.

Fonte: Folha de S. Paulo