Piñera diz que não cederá à greve de fome de mapuches

Piñera deu a declaração durante entrevista a uma rádio chilena referindo-se à greve de fome dos quatro índios mapuches da comunidade Wente Milcun Mapu, presos em Angol, e de outros cinco detentos da penitenciária de Temuco.

Mapuche

A greve de fome já ultrapassa 40 dias e, segundo o porta-voz dos prisioneiros, eles estão fisicamente debilitados e experimentam sintomas de insônia, cãibra e dores musculares. O objetivo da greve de fome é, entre outras coisas, atrair atenção ao uso da Lei Antiterrorismo pelo governo chileno e à luta do povo Mapuche pela retomada de seus territórios ancestrais.

Com idades entre 19 e 24 anos, os indígenas Paulino Levipan, Daniel Levinao, Rodrigo e Eric Montoya protestam contra as acusações e afirmam que a greve de fome ocorre em meio a uma luta pela reintegração de posse da comunidade mapuche Wente Winkul Mapu.

"Quero que as pessoas saibam quem são essas quatro pessoas internadas em um hospital de Concepción, devido à greve de fome. Dois deles são condenados por tentativa de homicídio de policiais que tentavam protegê-los", disse Piñera.

"A greve de fome não é um mecanismo legítimo e muito menos eficaz. Pelo contrário, imagine se libertarmos os 55 mil presos no Chile que decidirem fazer greve de fome. Isso seria o fim do Estado de Direito", completou o mandatário.

Entenda o conflito

Há anos os mapuches lutam para recuperar seu território na região de Araucanía em meio a um conflito com o governo que é considerado um dos mais antigos da história do Chile.

Em comunicados emitidos no último mês, os presos defendem a devolução total do território do povo Mapuche, a desmilitarização imediata das terras dessa comunidade e a não-utilização por parte da justiça de testemunhas protegidas nem montagens político-judiciais.

Em declarações à Prensa Latina, o líder mapuche Nibaldo Huenuman disse que os réus sofrem deterioração física, perderam cerca de 10 quilos e seus organismos já estão bastante afetados, ao ponto de que mal podem se levantar.

"Esperamos que o Governo escute nossas revindicações, e encontre uma solução para anular o julgamento dos irmãos que permanecem presos, foram acusados injustamente e sentenciados a penas excessivamente severas", expressou Huenuman.

Com informações da Ansa