Jornalistas do JT entram em estado de greve em S. Paulo

Jornalistas, fotógrafos e diagramadores do Jornal da Tarde, do Grupo Estado, decretaram estado de greve durante assembleia realizada na tarde de terça-feira (23), na porta da empresa. Para assegurar o emprego da equipe, os cerca de 40 trabalhadores exigem explicações do grupo sobre rumores de que o impresso vai fechar no dia 2 de novembro.

A informação circula desde o dia 10 de outubro, pelo menos, quando leitores entraram em contato com a redação para pedir explicações sobre o porquê do fechamento do veículo, informado pelo setor de assinaturas do jornal. Outro indício do fim da publicação foi o vazamento de um email com um cronograma preparatório para o fechamento, incluindo datas para encerramento da publicidade, entre outros pontos. Antes disso, o Grupo Estado já havia anunciado que pretendia fazer uma reformulação editorial e gráfica.

Surpresos, os trabalhadores questionaram a direção do grupo que foi reticente, negando o fechamento, porém, sem dizer o porquê dos rumores, afirmando que há um estudo em curso sobre o futuro do JT.

Diante da falta de resposta da direção do Grupo Estado, os jornalistas procuraram o sindicato da categoria que enviou um ofício entregue na semana passada à empresa. O documento pedia a imediata abertura de negociações sobre a situação dos profissionais.

O sindicato reuniu-se com dirigentes do Grupo Estado e entregou-lhes um ofício, com três solicitações, pedindo uma resposta em até três dias úteis. Foram elas: assinar um termo de compromisso garantindo que a circulação do Jornal da Tarde seria assegurada até o final do ano; comprometer-se a, caso decida fechar qualquer de suas publicações, avisar o Sindicato dos Jornalistas (os trabalhadores) com, no mínimo, um mês de antecedência; e abrir imediatamente negociações sobre a situação do jornal.

Segundo o presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, José Augusto Camargo, o Guto, a empresa alega informalmente de que nenhuma decisão ainda foi tomada sobre o futuro do JT: “Recebemos um telefonema, algo totalmente informal, dizendo que a empresa ainda estava estudando a situação e que o jornal não tem definição. Como não há uma resposta formal os jornalistas decidiram o estado de greve. Depois de 48 horas, poderão deflagrar a greve a qualquer momento”.

Guto ressalta que o objetivo da pressão é assegurar ampla negociação para reduzir os prejuízos dos trabalhadores, caso o jornal efetivamente não circule mais.

“A negociação é praxe no meio sindical, em outros setores. Os jornalistas reivindicam o direito à negociação. É preciso lembrar a dedicação destes profissionais, em alguns casos por muitos anos, o que vem garantindo a excelência e o sucesso do jornal junto a seu público. É inadmissível que a empresa trate o assunto dessa forma, de maneira reticente”, completou o presidente do sindicato.

Criado em 1966, dois anos após o início da Ditadura Militar, o Jornal da Tarde é vendido por R$ 1,50 e entre seus cadernos destaca-se o ‘Jornal do Carro’. Em julho deste ano, 22 profissionais da redação foram demitidos. No mesmo mês, o fim da edição de domingo do jornal também chegou a ser cogitado.

O Grupo será notificado do estado de greve ainda nesta quarta. Não foi localizado nenhum representante da empresa para confirmar o recebimento do mesmo. Diferente do que vinha ocorrendo, o setor de assinaturas voltou a oferecer a assinatura do JT. O Vermelho entrou em contato com o atendimento de assinatura e a atendente identificada como Adriana ofereceu o plano semestral em seis vezes de R$ 42,90, e anual, em seis vezes de R$ 82,40, além de quatro meses a mais como cortesia.

Deborah Moreira
Da redação do Vermelho