Quebrado, governo acreano corta alimentação e abrigo de haitianos

O governo do Acre cortou a alimentação e deixou de pagar o aluguel da casa utilizada em Brasileia como abrigo para os haitianos que chegaram ilegalmente na fronteira e aguardam visto temporário para se estabelecer no país.

Haiti - Gleisson Miranda/Secom-Acre

Desde dezembro, a Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh) gastou cerca de R$ 2,1 milhões para manter os serviços e o governo contraiu uma dívida de R$ 60 mil com a empresa que fornecia as refeições: “a secretaria literalmente quebrou, acabou, não tem mais nada", disse o secretário da pasta, Nilson Mourão. "Estamos conseguindo alimentos doados por empresários que vão a Brasileia em busca de mão de obra", completou.

"Estamos mantendo apenas o abrigo, mas em condições precárias, porque estamos devendo quatro meses de aluguel, uma dívida que chega a R$ 16 mil. Estamos aguardando uma ajuda do governo federal. Se recebermos, poderemos liquidar nossos débitos", disse Mourão.

Alimentação

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o haitiano Ethol Exime, 27, conta que os imigrantes têm apenas um fogão pequeno para preparar o almoço para um total de 150 pessoas. "Falta tudo: arroz, feijão, cebola", disse Exime, que conseguiu entrar no Brasil há 27 dias.

Mesmo sem recursos disponíveis, os haitianos continuam chegando a Brasileia, e a expectativa na região é que mais pessoas consigam cruzar a fronteira. Eles aproveitam a liberação da barreira na fronteira com o Peru, que antes era bloqueada pelos homens da Polícia Federal.

Vistos

Segundo o governo federal, 5.000 haitianos entraram no Brasil pela fronteira amazônica desde o terremoto que atingiu aquele país em 2010.

Metade ainda não teve a situação regularizada. Até agora, a Embaixada do Brasil na capital haitiana havia concedido 953 vistos permanentes por razões humanitárias.

O governo vinha concedendo vistos a todos os imigrantes ilegais haitianos que entravam pela fronteira amazônica por razões humanitárias, mas, em janeiro, definiu cota de 1.200 vistos anuais a serem concedidos na embaixada em Porto Príncipe.

Considerada uma tentativa de barrar a entrada de imigrantes pobres no país, a iniciativa do governo causou polêmica e não impediu que haitianos continuassem entrando no Brasil de forma clandestina.

Com Folha de S. Paulo