Líder ruralista acusado de pedofilia ganha liberdade no Acre

O ex-vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), Assuero Doca Veronez, 62, saiu do presídio estadual em Rio Branco, no Acre, na noite desta segunda-feira (5). No sábado (3), a desembargadora Denise Bonfim, do Tribunal de Justiça do Acre, analisou o pedido de habeas corpus e havia negado liberdade ao pecuarista.

O líder ruralista estava preso desde a última sexta-feira (2), acusado de envolvimento com uma rede de pedofilia. A prisão ocorreu após a realização da operação Delivery, executada pelo Ministério Público Estadual com a Polícia Federal e a Polícia Civil.

De acordo com investigações, Veronez utilizava os serviços de uma quadrilha que aliciava meninas de 14 a 18 anos para a prostituição. O bando também atuava na Bolívia e no Peru, cidades na fronteira acreana.

Assuero Veronez havia sido afastado da diretoria da CNA até o encerramento das investigações – a entidade disse repudiar todo tipo de abuso contra crianças. A Confederação da Agricultura e Pecuária tem 27 federações estaduais, 2.300 sindicatos rurais em todo país e defende interesses dos produtores no governo federal e no Congresso Nacional. A presidente da entidade é a senadora Kátia Abreu (PSD-TO).

A Justiça negou liberdade apenas para Adalho Cordeiro de Araújo que foi preso com o ruralista por cometer os mesmos crimes. Emilson Brasil, advogado de Assuero Veronez, negou o envolvimento de seu cliente com a rede de pedofilia.

Operação

No dia 17 de outubro, sete pessoas que agenciavam os encontros de homens com garotas menores de idade foram presas. A Polícia Federal cumpriu os mandados de prisão após monitorar grampos telefônicos autorizados pela Justiça durante quatro meses. As investigações apontaram que o alvo da quadrilha eram meninas de 14 a 17 anos em extrema pobreza.

A PF dispõe de quase 3mil horas de escutas telefônicas e descobriu que alguns clientes pagavam aos chefes da  quadrilha até R$ 2 mil para manter relações sexuais com meninas virgens.

Há três anos os deputados estaduais do Acre instalaram sem sucesso uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os abusos sexuais contra menores de idade. Os parlamentares não chegaram a pedir a prisão de ninguém e não conseguiram apoio de entidades públicas.

O líder indígena e secretário dos povos indígenas no governo do Acre, na época, foi acusado de negociar cestas básicas e material de construção para os pais de índias menores de idade em aldeias da tribo ashaninka que vivem na região do Alto Rio Juruá, ao sudoeste do estado. A denúncia foi feito no Ministério Público Estadual, mas o índio negou os crimes e se manteve na função.

Fonte: UOL