Globo erra ao noticiar “fraudes” no Bolsa Família e nega correção

Desde domingo (4), o jornal O Globo vem publicando série de reportagens sobre o Programa Bolsa Família. O primeiro título, que ocupou a manchete principal, foi “Mercadores da Miséria”. O alvo declarado da série é denunciar as irregularidades do programa. A “reportagem” do jornal não investiu na apuração desses desvios, ao indicar “revelações” de dois de seus repórteres. Todas as irregularidades relatadas pelo jornal foram descobertas pelo Ministério do Desenvolvimento Social e de Combate à Fome.

Os erros nas reportagens não podem ser corrigidos, segundo a resposta do jornal. O Ministério do Desenvolvimento Social não poderá apontar que as “revelações”, na verdade, são um ajuntamento de casos detectados pelo próprio ministério e que algumas delas desde 2009.

Um dos trechos da nota de esclarecimento que o jornal se recusa a publicar, diz: “As matérias trazem equívocos, como o fato de publicar casos antigos para mostrar ‘deficiências’ e falta de controle das ações do Plano Brasil Sem Miséria, que tem um ano. Um exemplo é o caso do gato Billy, fraude detectada em 2009, e que só foi descoberta graças ao eficiente acompanhamento do peso e saúde, uma das condicionalidades do Bolsa Família”.

Para o jornal, não é importante. A resposta dada pelo jornalista Antônio Góis foi de que, por ser uma série de matérias, é política do jornal não publicar cartas com resposta do envolvido na matéria, antes do final da série. Ou seja, entope-se o leitor com inverdades e erros, para só depois, ao final, reconhecer os erros.

Essa postura desmente o tão propagado documento “Princípios Editoriais Das Organizações Globo”, que o grupo empresarial que publica o jornal divulgou como normas para a prática de bom jornalismo.

A série de reportagem anuncia, logo na primeira matéria, que o programa, para o qual o governo Dilma Rousseff destina recursos crescentes com o objetivo de erradicar a pobreza extrema no Brasil, vem sendo alvo frequente de fraudes de “políticos e servidores que deveriam cuidar de iniciativas voltadas para a população carente incluem parentes, amigos e até gato entre os beneficiários”.

Tampouco se trata de uma enxurrada de irregularidades, como a colagem de um caso a outro na série de reportagens pode induzir o leitor. Há relatos de casos descobertos pelos mecanismos de controle do governo federal desde 2004, não se tratando de “alvo frequente de fraudes”.

Além do cumprimento das obrigações exigidas pelo MDS – sem as quais os beneficiários perdem direito ao auxílio – a Controladoria Geral da União (CGU) também fiscaliza a destinação de parte desses recursos.

Fonte: Informes PT