Secretário da Contag reforça formação para avançar a democracia

A Escola Nacional de Formação da Contag (Enfoc) tem desempenhado um papel central na formação político-pedagógico, com os princípios da Educação Popular, voltado para os trabalhadores, trabalhadoras e lideranças sindicais rurais. O Portal da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) entrevistou com exclusividade Juraci Souto, secretário de Formação e Organização Sindical da Contag e responsável pela Enfoc.

Durante a conversa, o dirigente destacou a atuação da Escola, que mesmo com pouco tempo de existência já percorreu diversos estados brasileiros, realizando cursos e atividades.

O secretário ainda analisa o desempenho de sua Pasta como um todo, dentro do movimento sindical rural. E, como faltam poucos meses para a realização do 11º Congresso da Contag, as expectativas e a atuação e importância da entidade para o campo brasileiro também são analisados pelo secretário.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

Portal CTB: Qual o balanço que você faz sobre sua a gestão à frente da Secretaria de Formação e Organização Sindical? Quais foram os avanços obtidos?
Juraci Souto: Esta Secretaria congrega duas frentes de atuação importante para o MSTTR[Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais] – a formação político-sindical e organização sindical, sendo que ambas demandam estratégias e ações articuladas em muitos momentos, e em outros, momentos específicas.

No caso da formação, ampliamos a capacidade de alcance e dinamismo das atividades de formação, com repercussões bastante positivas nas Federações e Sindicatos. Nesta temática o destacamos avanços: a constituição da Rede de Educadores e Educadoras Populares do MSTTR, composta por dirigentes (homens e mulheres), assessores e assessoras do movimento e Educadores Educadoras, parceiros na luta pela construção de um projeto popular de sociedade; a constituição de vários Grupos de Estudos Sindicais; criação de Escolas Estaduais de Formação, inspiradas pela concepção, estratégia e Itinerário Formativo da Enfoc; amplo processo de Multiplicação Criativa – cursos estaduais, sendo realizados nos estados pelas Secretarias de Formação e Organização Sindical das Federações com apoio da Rede, e além de Cursos Regionais e Municipais feitos a partir de iniciativas dos Polos Regionais e Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais.

Destacamos também a consolidação da Política Nacional de Formação da Contag – PNF, como referencial político-pedagógico comum, que vem nos últimos anos, orientando os processo formativos da Contag, Federações e Sindicatos. Neste aspecto destaco de maneira muito especial o protagonismo das Educadoras e Educadores (lideranças, dirigentes e assessores do movimento), que junto com a Secretaria de Formação e Organização Sindical vem imprimindo um novo dinamismo no MSTTR por meio de práticas formativas críticas, transformadoras e libertadoras. Percebemos que essas pessoas que militam no MSTTR estão mais animadas e fortalecidas no seu papel militante e mais seguros no momento de tomada de decisões.

Quanto à Organização Sindical, a Secretaria atuou com duas estratégias: no investimento em monitoramento de processos de legalização das entidades com correção de cadastros, construção de diagnósticos sobre pendências junto ao Ministério do Trabalho e Emprego; no investimento em debates políticos sobre a conjuntura sindical brasileira – desafios, perspectiva e o papel do sindicalismo no contexto atual, considerando o Brasil e as articulações internacionais.

Destacamos que houve, em relação a Organização Sindical, maior protagonismo do conjunto do Movimento nos debates sobre a temática com ações mais proativas em relação à formulação e negociação de propostas que avançam no sentido de fortalecer o MSTTR, como um ator social, capaz de responder aos atuais desafios dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, tornando-o mais forte e mais atuante.

Portal CTB: Quais os desafios que ainda precisam ser superados?
JS: Compreendo que quanto mais conscientes do nosso papel e responsabilidade políticos frente à atuação do MSTTR, maiores são os desafios. Hoje vejo que a luta do MSTTR, no sentido de fazer avançar a democracia no Brasil e tornar o nosso Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário – o PADRSS, em um projeto popular de sociedade, só faz sentido se for assumido pela classe trabalhadora. Portando, construir a Unidade Política a partir das demandas coletivas da classe trabalhadora, é para mim, o maior dos desafios. Outro, decorrente deste é integrar trabalhadores do campo e da cidade em ações pautas estratégicas que façam avançar as conquistas por uma sociedade mais justa, mais solidária e mais democrática. Um desafio interno bem particular da Contag é ampliar cada vez mais sua capacidade de representação da diversidade de povos do campo e construir as condições para que essa diversidade se expresse no interior do MSTTR.

Portal CTB:
Um dos destaques da Contag é a Escola Nacional de Formação da Contag (Enfoc). Qual sua importância dentro do movimento sindical rural, na formação dos dirigentes e membros dos sindicatos e das federações?
JS: A Enfoc é uma Escola de Formação Política criada em 2006, que tem como referencial político-pedagógico, a PNF e o PADRSS e suas ações são orientadas pelos princípios da Educação Popular. A Missão da ENFOC é viabilizar uma formação política transformadora e libertadora para Militantes (dirigentes, assessores/as, educadores/as e lideranças de base), que atuam no MSTTR, visando provocar mudanças na prática sindical, no sentido de fortalecer a luta pela construção de um projeto popular de sociedade.

Compreendemos que atuar enquanto militante de um projeto alternativo de desenvolvimento passa por compreender o papel enquanto militante e o projeto de sociedade que se pretende construir ou fortalecer. Neste sentido, a formação política é estratégica e deve construir as condições pedagógicas, políticas e metodológicas, que favoreçam a compreensão sobre as origens e trajetórias da sociedade, nas razões da luta política emancipatória, os atuais e históricos desafios da classe trabalhadora, suas lutas e conquistas: tudo isso articulado à reflexão sobre a prática sindical no sentido de reorientá-la, sob a perspectiva do projeto de sociedade que se pretende construir ou fortalecer. Neste sentido a ENFOC tem papel preponderante e foi com a perspectiva de fortalecer o MSTTR quanto a sua atuação na construção do projeto político de sociedade, onde os trabalhadores e trabalhadoras rurais exerçam papel protagonista, é o que dá sentido a estratégia e Itinerário formativo da ENFOC.

Portal CTB: Quanto ao 11° Congresso da Contag, quais suas expectativas?
JS: O que espero é que o MSTTR se fortaleça no aspecto da unidade política da categoria e que o Congresso avance nas deliberações quanto ao posicionamento político frente ao modelo de desenvolvimento do agronegócio, construindo estratégias que avançam na implementação do PADRSS, especialmente no que se refere à realização de uma ampla e massiva reforma agrária, no fortalecimento e expansão da agricultura familiar e na ampliação de direitos, como bases de sustentação para a construção da qualidade de vida dos povos do campo e da floresta.

Portal CTB: A Contag completa 50 anos de história em 2013. Como você avalia a importância da entidade para o movimento sindical rural brasileiro?
JS: A Contag tem muitas razões para comemorar seus 50 anos de lutas e conquistas. É visível o papel que a Entidade tem desempenhado ao longo dos anos, na conquista de direitos e na elaboração, negociação e monitoramento de políticas de desenvolvimento para campo brasileiro.

Poderia lista vária dessas conquistas como: Pronaf, créditos diferenciados para Mulheres trabalhadoras rurais e para Jovens trabalhadores e trabalhadoras rurais, aposentaria especial, salário maternidade, seguro safra, Pnae, PAA dentre tantos outras conquistas. No entanto quero nesta oportunidade destacar que mais do que listar as conquistas é dizer que a qualidade de vida dos trabalhadores e trabalhadoras rurais, estaria em situação inda mais complicada se o movimento sindical organizado pela Contag, não fosse tão forte e comprometido com o campo brasileiro.

A Contag soube inovar, diversificar suas ações e dinamizar a prática sindical, no exato momento em que a conjuntura exigia que o campo brasileiro, precisava ter políticas diferenciadas, que fossem capazes de incluir parcelas de trabalhadores e trabalhadoras rurais, historicamente excluídos do acesso às políticas de incentivo a produção e comercialização. E tudo isso, integrado ao papel de representação política que lhe deu origem e sem perder a perspectiva histórica de enfrentamento ao modelo de agricultura excludente.

Fonte: Portal da CTB