Crise europeia será tema da 22ª Cúpula Ibero-americana 

A 22ª Cúpula Ibero-americana de chefes de Estado e de Governo começará nesta sexta-feira (16) na Espanha, com a crise econômica na Europa como tema central e a ausência de vários presidentes latino-americanos.

Crise na Europa

O encontro de dois dias está marcado pela quebra financeira do chamado Velho Continente, que castiga especialmente a Espanha e Portugal, precisamente os dois membros europeus dessa comunidade criada há pouco mais de duas décadas.

Desde a criação destas cúpulas, em 1991, as coisas mudaram muito: a América Latina olhava então seus sócios do outro lado do Atlântico como um exemplo de integração e pujança, papéis que aparecem agora invertidos com a primeira mais unida e em pleno auge econômico.

O próprio presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, estará encarregado de expor a situação da Zona do Euro durante seus contatos com os líderes da América Latina, uma região que conseguiu enfrentar a crise em melhores condições do que a Europa.

Dois dias após enfrentar a segunda greve geral em menos de um ano, Rajoy pretende com este encontro revitalizar seu protagonismo internacional e abrir com seus pares latino-americanos uma reflexão sobre os graves problemas que afligem a Eurozona.

A desesperança dos espanhóis e portugueses foi evidente na última quarta-feira, quando em ambos os países -Portugal viveu também uma jornada de greve- milhões de pessoas saíram às ruas para protestar contra os duros cortes sociais e trabalhistas aplicados por seus governos.

Enquanto na Europa prevalecem hoje as receitas neoliberais que na década do 90 levaram as nações latino-americanas à ruína, a maioria dessas últimas basearam sua recuperação no resgate do Estado como um ator relevante na geração de recursos.

O ministro espanhol de Assuntos Exteriores, José Manuel García-Margallo, reconheceu nessa semana que enquanto há 10 anos a Europa crescia acima da América Latina, agora ocorre o contrário.

"É a vez da América Latina ajudar a Espanha. As oportunidades que se abrem nesse continente são muito importantes para os espanhóis e por isso há que potencializar as exportações e o investimento", declarou o chanceler à estatal Televisão Espanhola.

Explorar novas oportunidades de negócio e investimento nesses tempos conturbados será, portanto, um dos principais objetivos da cúpula nesta cidade da Andaluzia, que tem como lema "Uma relação renovada no Bicentenário da Constituição de Cádiz".

O título se refere à primeira constituição que teve Espanha, e de cuja redação, em 1812, participaram representantes da América Latina.

O encontro na capital da Andaluzia busca dar um novo impulso a esse fórum, criado por iniciativa da Espanha e do México, e que foi perdendo interesse entre seus membros, como reflete o alto nível de ausências registrado em algumas de suas últimas edições.

Em Cádiz, os 22 presidentes ibero-americanos abrirão um refletirão sobre a conveniência de converterem em bienais as cúpulas que desde 1991 são realizadas anualmente.

Neste encontro faltarão, por distintos motivos, os presidentes de Guatemala, Cuba, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai.

Fonte: Prensa Latina