A bandeira nacional: 190 anos de verde e amarelo

Debret desenhou e D. Pedro I coloriu: no início, o verde/amarelo representava a dinastia tropical que unia as Casas de Bragança e de Áustria. Os republicanos acrescentaram, em 1889, o céu do Rio de Janeiro na hora da proclamação da República e o lema “ordem e progresso”

Por José Carlos Ruy

A Bandeira Nacional

A Bandeira Nacional, como é conhecida hoje, foi criada a partir de um grupo de positivistas (corrente filosófica influente nos primeiros tempos da República). A posição das estrelas no círculo azul da Bandeira do Brasil reproduz o aspecto do céu, na cidade do Rio de Janeiro, às 8h30 do dia 15 de novembro de 1889, quando foi proclamada a República. As 27 estrelas correspondem aos estados e um ponto mais abaixo ao Distrito Federal.

Fala-se muito que o azul da Bandeira Nacional representa o céu do Brasil, a faixa branca simboliza a idealização da linha zodiacal e a paz, o verde são as matas e o amarelo o ouro e as riquezas. O lema Ordem e Progresso, um dos princípios do positivismo, é escrito em verde. Ele foi inspirado no slogan positivista, de autoria do próprio Augusto Comte, criador daquela corrente de pensamento, que dizia: “O amor por princípio, a ordem por base e o progresso por fim”.

A origem, as cores e o formato, da Bandeira do Brasil remontam, entretanto, ao Império e aos tempos da Independência. Ela foi desenhada por Jean Baptiste Debret, o artista francês que registrou a cena brasileira daquela época e tinhas boas relações com D. Pedro I e a imperatriz D. Leopoldina. Foi Debret quem concebeu a bandeira como um campo verde ao qual foi aplicado um losango amarelo, dentro do qual figurava o escudo de armas do Brasil imperial.

O verde e amarelo foi instituído como cores nacionais 11 dias depois da proclamação da Independência, pelo decreto de 18 de setembro de 1822. Consta que o próprio D. Pedro I teria criado a interpretação de que estas cores representavam a rica natureza brasileira. Mas as cores escolhidas representavam também a união da Casa de Bragança (à qual pertencia o imperador, representada pelo verde) com a Casa de Áustria (origem da imperatriz D. Leopoldina, que era filha do imperador da Áustria e trazia o amarelo que representava a Casa Habsburgo/Lorena).

O azul foi introduzido em 1889, pelos republicanos, em substituição às armas imperiais e composto pela reprodução da configuração do céu brasileiro na hora da proclamação da República.

Identidade nacional

O ensino do desenho e do significado da Bandeira Nacional em todas as escolas país é obrigatório por lei, da mesma forma como ocorre com o Hino Nacional. A bandeira, como um dos principais símbolos nacionais, reúne uma série de detalhes obrigatórios que devem ser obedecidos, de acordo a com a legislação. O tamanho, a precisão nas cores, a disposição das estrelas e da faixa central são definidos por lei e devem ser seguidos à risca, assim como a forma como ela é homenageada e guardada. O 19 de novembro foi instituído Dia da Bandeira em 1889, logo depois da Proclamação da República.

Alguns historiadores defendem a ampliação da discussão sobre assuntos relativos aos símbolos – a Bandeira Nacional, o Hino Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional. Para o coordenador do Departamento de História do Centro Universitário de Brasília (Uniceub), professor Deudedith Rocha Júnior, este ensino é essencial ensinar não apenas os aspectos visuais, técnicos e simbólicos, mas, sobretudo, o que representam os símbolos e porque são importantes.

“Os símbolos nacionais representam um marco da identidade brasileira. Cada um tem seu significado e importância. A Bandeira Nacional, por exemplo, passou por várias etapas para chegar à atual. O sentido de nação está diretamente ligado aos símbolos, mas também é importante observar que as mudanças na sociedade fazem com que eles sejam redesenhados”, explicou.

Para ele, eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 podem ser usados como incentivos à discussão. “O ritual de hastear a bandeira nacional, de cantar os hinos [Nacional e da Bandeira Nacional] é importante, mas é interessante também que cada um que participa da situação conheça e reconheça nos símbolos algo que diga respeito a si”, acrescentou o professor.

Em Brasília, a principal cerimônia envolvendo o assunto é a da troca da Bandeira Nacional, que ocorre a cada primeiro domingo do mês. No dia da cerimônia, a bandeira é hasteada no mastro da Praça dos Três Poderes. Com 280 metros quadrados, a bandeira é a maior do país.

Com informações da Agência Brasil e agências