Bienal da UNE lança identidade visual de autoria de J.Borges

 A 8ª Bienal da União Nacional dos Estudantes (UNE) lança oficialmente a sua identidade visual assinada com exclusividade pelo artista pernambucano J. Borges, um dos mais renomados do mundo na arte de desenhar talhando a madeira, a popular xilogravura.

 

Inspirada no tema do festival estudantil, “A volta da Asa Branca”, a gravura produzida por J. Borges faz uma homenagem ao sanfoneiro Luiz Gonzaga, que no próximo dia 13 de dezembro completaria 100 anos e é motivo de celebração em todo o Brasil. O trabalho, talhado em madeira de louro-canela, traz ainda desenhos relacionados à ave asa branca, ao farol de Olinda, aos prédios de Recife, ao sol tão presente no nordeste brasileiro e, também, uma singela e carinhosa referência aos estudantes.

A xilogravura feita especialmente para a 8ª Bienal da UNE levou três dias para ficar pronta e, agora, passa a figurar ao lado de tantas outras obras de arte produzidas pelo “maior artista popular do nordeste”, nas palavras de Ariano Suassuna, ou “meu querido mestre”, como o escritor Uruguaio, Eduardo Galeano, chama o amigo J. Borges, que ilustrou o seu livro As palavras andantes.

“Eu não estudei, tudo que faço aprendi sozinho, meu traço é rústico e eu trabalho para atender ao povo. Meu trabalho é barato, é para o proletariado, um pedreiro, um peão podem comprar. Por isso é popular”, disse o artista, por telefone, em uma rápida conversa com o site da UNE. Sobre o tema da 8ª Bienal, que pretende refletir e provocar os estudantes, o artista lembra a volta do povo nordestino que foi embora sobre o pau de arara. “Agora, apesar da seca, não falta nada. Está bom de se viver”, diz Borges, filho de agricultor, “matuto da roça”, como ele mesmo se decreve, e que, antes de se ganhar o mundo, foi pintor, pedreiro e carpinteiro.

Arte popular nordestina

Apaixonado por cordel desde criança, J. Borges começou a ilustrar suas próprias histórias e acabou chamando a atenção para a arte popular nordestina. Em suas gravuras, o artista retrata temas do cotidiano e o universo cultural do sertanejo, como a seca, o cangaço, o amor e a religiosidade. Mas gosta mesmo é de desenhar mulheres, animais, temas fantásticos e o tal do santanás, figura presente no imaginário do nordeste.

Ele conta que o cordel antes tinha uma função “jornalística”, de informar à população, de forma diferente e bem humorada, sobre os ocorridos pelas bandas do sertão. E faz questão de reafirmar que começou nas feiras, cantando cordel, com o povo, e, por isso, quer que a sua gravura e o seu nome estejam também na casa do povo.

J. Borges nasceu na pequena cidade de Bezerros, a 100 km de Recife, e mora lá até hoje, onde mantém a sua gráfica em ativa produção de cordéis e xilogravuras. Lá, também está localizado o museu que preserva a sua obra, que já foi exposta em vários cantos do mundo, em museus importantes, e está também pendurada em muitas paredes Brasil afora.

O atistas pernambucano será o homenageado da mostra de artes visuais da 8ª Bienal da UNE. Dessa forma, o festival estudantil provocará esse encontro de gerações importante para a preservação e continuidade da arte do cordel e da xilogravura. Para Borges, será uma ótima oportunidade de conversar e despertar o interesse dos jovens pela arte popular. A UNE agradece, ao mestre, com carinho! E que chegue logo a oitava edição do maior festival estudantil da América Latina!

Oitava Bienal

Chegando à sua oitava edição em 14 anos de existência, a Bienal da UNE se firma hoje como um dos principais encontro da juventude na América Latina. A 8ª Bienal terá como sede a cidade de Recife e Olinda, em Pernambuco, e suas atividades serão realizadas entre os dias 22 a 26 de janeiro.

“A volta da Asa Branca” é o tema do econtro nesse ano, que traz como homenageado especial o rei do baião, Luiz Gonzaga, cujo centenário é comemorado em 2012. Por meio da música que imortalizou o sertão nordestino, a Bienal espera reunir diversas expressões artísticas e valorizar a identidade cultural do país, refletindo um novo Brasil e um novo Nordeste mais próspero e menos severino.

O evento traz mostras artísticas selecionadas entre estudantes de várias universidades do país, shows, oficinas e debates sempre com um qualificado rol de convidados entre ativistas, intelectuais, artistas e figuras públicas. Para mais informações, acesse: www.facebook.com/bienaldauneoficial.

Fonte: UNE