Mulheres cobram justiça no julgamento do goleiro Bruno
Empunhando uma cruz de madeira, a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que investiga a violência contra a mulher no País, participou nesta segunda-feira (19) de uma manifestação que reuniu 100 representantes de entidades feminista na entrada do Fórum de Contagem, onde está sendo julgado o goleiro Bruno Fernandes, acusado de assassinato da modelo Eliza Samudio.
Publicado 20/11/2012 11:59

O julgamento do atleta do Flamengo e de outros réus envolvidos no sequestro, cárcere privado e desaparecimento da modelo que queria o reconhecimento do filho que teve com Bruno, começou nesta segunda-feira.
Cada manifestante levou uma cruz e em cada uma o nome de uma vítima da violência de gênero que, segundo destacou a presidente da CPMI, “tem aumentado assustadoramente no País, a despeito de uma das legislações mais avançados do mundo, que é a Lei Maria da Penha.”
Selvageria e barbárie
No Brasil, nos últimos 30 anos, entre 1980 e 2010, mais de 92 mil mulheres foram assassinadas, sendo que 43,7 mil só na última década. Em Minas Gerais, em apenas 20 dias de agosto passado, oito mulheres foram assassinadas: seis delas esfaqueadas, uma estrangulada e outra teve o corpo incendiado pelo marido, num posto de ônibus no Centro de Belo Horizonte, apontou.
“É preciso dar um basta nesta selvageria que vitima não só as mulheres, mas seus filhos, a sociedade como um todo. É preciso punir com rigor, exemplarmente, os agressores, os assassinos. Só assim poderemos retomar o caminho da cultura de paz, de harmonia”, defendeu Jô Moraes.
Para a presidente da União Brasileira de Mulheres (UBM) de Contagem, Diomara Dâmaso, “a Justiça tem de ser feita. Todos estamos cansados de tanta impunidade. É isso que alimenta a violência contra as mulheres. Os agressores têm de saber que serão punidos, que a agressividade deles terá consequência. Não passa um só dia sem que uma mulher seja espancada ou assassinada. Esse caso do goleiro Bruno é emblemático, tem de servir de exemplo para o bem”, disse.
Combate à impunidade
Também a Secretaria de Políticas para as Mulheres e a bancada feminina do Congresso participaram da manifestação. A secretária nacional de Enfretamento à Violência contra as Mulheres da pasta da SPM, Aparecida Gonçalves; a defensora pública da União, Marta Menezes e a coordenadora da bancada feminina, deputada Janete Pietá (PT-SP) desembarcaram cedo no Aeroporto Internacional de Confins e seguiram direto para o Fórum.
Na entrada, Janete Pietá também reiterou a importância do julgamento do goleiro no combate à impunidade dos crimes contra mulheres. “Estamos aqui para demonstrar nossa vontade de que este crime tenha um julgamento exemplar. E que os culpados sejam penalizados com rigor. As leis existentes sobre violência contra a mulher já são suficientemente completas, amplas, o que precisamos é que sejam cumpridas”, afirmou.
Em frente ao fórum, as mulheres espalharam as cruzes no chão na entrada do Fórum e distribuíram um manifesto onde denunciam a escalada da violência de gênero e todas as formas de violação dos direitos humanos. “A violência contra a mulher expressa relações sociais de poder bastante desiguais que tornam esse grupo populacional mais vulnerável”, enfatizam. No final informam que não só as mulheres de Contagem, mas de toda Minas Gerais estão “vigilantes na cobrança de um julgamento responsável no caso Eliza Samudio”.
Da Redação em Brasília
Com informações da Ass. Dep. Jô Moraes