Deputado defende Indiciamento de jornalista da Veja

O deputado Dr. Rosinha (PT-PR), integrante da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a organização criminosa de Carlinhos Cachoeira, defende o indiciamento do jornalista Policarpo Jr., diretor da sucursal da revista Veja em Brasília, e considera “muito bem fundamentado” o parecer do relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG).

O parlamentar entende que ninguém está acima da lei e que o indiciamento de um jornalista não representa ameaça à liberdade de imprensa. “Na CPMI, investigamos governadores, prefeitos, deputados e outras autoridades públicas. Então, não há porque não investigarmos um jornalista que possuía uma relação questionável com o chefe do esquema criminoso, uma relação que ultrapassou os limites de uma relação normal com uma fonte, como provam as gravações da Polícia Federal. Não há qualquer restrição ao trabalho da imprensa nesse indiciamento”, disse Rosinha.

“O parecer do relator é bastante completo e contrariou a perspectiva de muitos parlamentares e de parte da imprensa, que vinham dizendo que a CPMI daria em pizza. O relator não deixou de analisar nenhum documento que chegou à comissão, e o seu parecer ainda fornece dados que permitem o avanço das investigações por parte da Polícia Federal e do Ministério Público. Participei de várias CPIs no Congresso Nacional e este é um dos relatórios mais completos que já vi até hoje”, complementou o deputado.

No parecer de Odair Cunha divulgado na semana passada, o jornalista é enquadrado no crime de formação de quadrilha, artigo 288 do Código Penal. A conduta de Policarpo Jr. foi descrita em 84 páginas, mas o jornalista também aparece em vários outros trechos do relatório.

Num desses trechos, é relatado o episódio em que a esposa de Cachoeira, Andressa Mendonça, tentou coagir o juiz federal Alderico Rocha Santos, ameaçando o magistrado, responsável pela ação penal da Operação Monte Carlo, com um suposto dossiê que teria sido elaborado por Policarpo. Em decorrência desse fato, Andressa foi indiciada pela Polícia Federal e terá que responder à Justiça.

O texto do relatório afirma que o jornalismo praticado por Policarpo Jr. e pela revista Veja “pactua com a prática de crimes (…) sem qualquer pudor e que submete as matérias (cuja publicação deveria atender utilidade pública ou interesse social) aos desígnios do comandante de uma das maiores Organizações Criminosas já descortinadas nesse País”.

O documento é inequívoco quanto à adesão do jornalista como colaborador do grupo de Cachoeira. “Não restam dúvidas de que o jornalista Policarpo Júnior aderiu à organização criminosa de Carlos Cachoeira, colaborando intensamente para o êxito e a continuidade de suas atividades e a impunidade de seus líderes”, conclui o relatório na página 4590.

Fonte: informes PT