Patriota fala em área de livre comércio na América do Sul em 2019

O ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou nesta terça-feira (27), durante a 18º. Conferência da União Industrial Argentina, que a América do Sul terá uma frente de livre comércio até 2019, já que a integração da região avança “de forma muito acelerada”.

Para o chanceler brasileiro, o Mercosul atua como uma “câmara de ensaio” do projeto de integração. “Até 2019, iremos ter aqui uma região que constituirá uma frente de livre comércio, com tudo o que isso representa, também pelo fato de constituirmos democracias, países que cooperam e conseguem equacionar as diferenças por meio da democracia e do diálogo”, explicou.

Quando questionado sobre o significado da declaração de Patriota, o assessor especial da presidência para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, afirmou ter ficado “tão surpreendido” como os jornalistas presentes na conferência. Garcia disse acreditar que o chanceler se referiu a “cálculos de desoneração que existem no âmbito da Unasul”.

O assessor lembrou, no entanto, que “não é possível construir uma união aduaneira perfeita na região. “A integração comercial é muito positiva para o Brasil e para a Argentina, mas não é muito boa para os outros países que produzem menos produtos competitivos”, falou, sobre o desequilíbrio comercial com membros menores do bloco.

Para Garcia, o projeto de livre comércio só poderá ser levado adiante com a efetivação da integração regional, o que implica solucionar problemas infraestruturais. “Tem países com graves problemas de energia, numa situação paradoxal, porque a América Latina tem um dos maiores potenciais energéticos. Precisamos que nossos países tenham melhores estradas, túneis, portos, aeroportos”, pontuou.

O assessor insistiu na necessidade de melhorar a infraestrutura dos países sul-americanos para diminuir custos de exportação e fomentar a competitividade internacional da região. “A Unasul tem que resolver esses problemas também”, afirmou.

Garcia ainda desmentiu que a suspensão temporária do Paraguai será revista na próxima sexta-feira (30), na cúpula da Unasul, em Lima. “A Unasul não vai voltar atrás na sua posição. Queremos eleições limpas e queremos que o Paraguai volte. Agora, nós precisamos de um prazo para isso e a normalização do processo democrático, que passa concretamente pelas eleições”, esclareceu.

Mercosul

Sobre o ingresso da Bolívia como membro pleno do Mercosul, Garcia afirmou que o assunto será melhor analisado a partir de dezembro. Segundo ele, o país não deve ter problemas com a permanência na CAN (Comunidade Andina de Nações), devido à flexibilidade desta quanto à manutenção de acordos com outros blocos. Nesta terça-feira, o governo boliviano anunciou que buscará permanecer em ambos os mercados.

Durante sua exposição, Patriota mencionou as negociações do Mercosul com diversos países, como Israel, Palestina, Egito, Índia e África do Sul, além do diálogo bi-regional com a União Europeia, para acordos comerciais. Segundo ele, apesar de alguns países mencionados terem “dimensões relativamente limitadas de comércio”, a iniciativa demonstra o esforço do bloco “para olhar em direção ao resto do mundo”.

Garcia afirmou que o bloco comercial “avançou muito” nos últimos anos, tanto no aspecto intra-industrial entre o Brasil e a Argentina como na elevação das cifras de investimentos de um país no outro. Segundo ele, há possibilidades de integração produtiva em setores como defesa e medicamentos. O assessor esclareceu no, entanto, que a complementação é efetuada em âmbito privado, “por mais que sejam uma expressão das vontades dos dois governos”.

Fonte: Opera Mundi