Pimentel: neste ritmo, Brasil e Argentina serão 3º mercado global

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse nesta terça-feira (27), durante discurso no primeiro dia da 18ª Conferência Industrial Argentina, em Los Cardales, a 70 quilômetros de Buenos Aires, que a indústria mundial está em processo de profunda transição.

"Estamos vivendo nesse momento uma profunda transformação do tecido industrial da economia", agregando que Brasil e Argentina podem ter papel de protagonistas nesse processo.

"A industria do século XX não será a mesma desse século. Brasil e Argentina, juntos, podem ser nos próximos anos o terceiro maior mercado do mundo, considerando que a China deve continuar com sua posição", afirmou o ministro. "Temos que nos adaptar rapidamente, porque o eixo mundial já está mudando."

"Temos a Ásia como grande personagem, a União Europeia marginalizada e os Estados Unidos recuperando o fôlego. Ao nosso continente cabe o desafio de não aceitar o papel de ser apenas fornecedor de commodities agrícolas", disse.

Para o encerramento da conferência, previsto para hoje, estão previstas as presenças das presidentes Dilma Rousseff e Cristina Kirchner. Dilma deve trazer uma mensagem de otimismo sobre a relação bilateral, embora o governo brasileiro esteja disposto a pressionar a Argentina para mudar o desvio de comércio provocado pelo protecionismo do país vizinho.

Na comparação entre as importações argentinas de junho a setembro de 2011 e de 2012, a parcela de produtos vendidos pelo Brasil caiu de 28,6% para 24,6%, enquanto subiram as fatias de mercado ocupadas pelos países da América do Norte (de 13,5% para 17,3%), da União Europeia (de 15,1% para 17,3%), e da China (2,5% para 3,1%).

Nos últimos dois anos, o Brasil aportou US$ 6 bilhões em investimentos diretos para a Argentina, em setores como mineração, têxtil e construção civil. Projetos de construção de plantas produtivas argentinas no Brasil somam mais de US$ 3 bilhões nos últimos dois anos. Os principais investimentos foram em usinas de energia eólica e na produção de aço.

Durante a conferência, empresários brasileiros e argentinos expressaram repetidamente preocupação com o crescimento chinês e a primarização da industria com ênfase na exportação de commodities

"A consolidação da China como maior potência exportadora do mundo e a integração produtiva asiática, formada por uma complexa e articulada rede de comércio e de investimentos, pressionam nossos setores produtivos a buscarem formas de se diferenciarem", disse o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade.

Fonte: Valor Econômico