Kassab usou apenas 43% do total previsto para obras antienchente

Perto do fim do ano e no início das temporadas de chuva, a Prefeitura de São Paulo gastou apenas 43% do total previsto para obras antienchentes em 2012. Foram reservados R$ 678,4 milhões para melhorias de drenagem urbana neste ano, mas, segundo o último balanço divulgado pela administração municipal, em 12 de novembro, foram empenhados R$ 291,3 milhões.

Os dados constam do site de execução orçamentária da Secretaria Municipal de Planejamento. O sistema mostra que obras importantes para resolver problemas crônicos de alagamentos ainda não foram iniciadas. É o caso da construção de um reservatório na bacia do Córrego Pirajuçara, na zona oeste. Famoso por causar transtornos e transbordar praticamente todo verão, o córrego deveria ganhar um novo piscinão orçado em R$ 48,7 milhões – apenas R$ 1,9 milhão desse total foi gasto até agora.

O Rio Aricanduva, na zona leste, também costuma transbordar na época de cheia. Estavam previstos R$ 4,5 milhões em intervenções antienchentes na região, mas menos de R$ 400 mil foram gastos até agora.

O número de serviços de manutenção da rede de drenagem que estavam previstos também ficou abaixo do esperado. Um exemplo são os R$ 83 milhões para limpeza de bocas de lobo e bueiros – só R$ 2,9 milhões desse total foram usados.

As despesas com drenagem urbana em 2011 também foram bem menores do que o previsto inicialmente. Só R$ 287 milhões foram gastos do total de R$ 634 milhões reservados para essa área no início do ano. Já em 2010, o orçamento para obras antienchente foi quase que totalmente executado: apenas R$ 30 milhões dos R$ 392 milhões previstos não foram usados.

Riscos

O engenheiro Julio Cerqueira Cesar, ex-presidente da Agência da Bacia do Alto Tietê, alerta que a falta de investimento poderá ser sentida já no próximo verão. "O sistema de drenagem não suporta o que costuma chover. E se isso acontecer não teremos um verão feliz", diz.

Para ele, mesmo o dinheiro investido é malgasto. "Na região do Rio Tamanduateí, tem mais de 20 piscinões. E quando chove, são duas enchentes por semana." Cerqueira Cesar afirma que o ideal seria aumentar a vazão dos córregos e rios, inclusive a do principal da cidade, o Tietê.

Fonte: O Estado de S. Paulo