Em nota, PCdoB saúda Congresso do Partido Comunista Português

São Paulo, 30 de novembro de 2012
Ao 19º Congresso do Partido Comunista Português
Estimados camaradas,

O Partido Comunista do Brasil (PCdoB) congratula-se com o Partido Comunista Português pela realização do 19º Congresso de vossa organização.

Desde o Brasil, fazemos chegar, em nome do Comitê Central do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e de toda sua militância, saudações efusivas a todos os delegados, fazendo votos de completo êxito nos objetivos fixados para este Congresso.

Realizado sob o lema, “Democracia e Socialismo – Os valores de Abril no futuro de Portugal”, vosso Congresso alude a nobre sublevação democrática e revolucionária do povo português para fazer frente a uma das piores crises vividas em vossa história.

Neste sentido, os documentos propostos ao Congresso, em especial o projeto de resolução política e as alterações programáticas propostas constituem referencia essenciais para um caminho de luta e de valorização da nação pelo povo português.

Ao nos dirigirmos a vosso 19º Congresso, recordamos que seria impossível contar a história portuguesa do século 20 sem mencionar a presença e atuação do PCP junto aos trabalhadores e ao povo português. Sua figura mais destacada, Álvaro Cunhal, é referência imprescindível para comunistas e lutadores pelo socialismo em todo o mundo. Nos 91 anos de existência do PCP mais de 70 contaram com a dedicada militância de Cunhal, na resistência ao fascismo, na luta por liberdade e democracia, nas transformações de Abril de 1974, com contribuições essenciais tanto ao seu povo, sua nação, como ao seu partido. Sempre apontando o partido como um grande coletivo em construção, um partido aberto e democrático, um partido com paredes de vidro.

O Partido Comunista Português é referencia em matéria de internacionalismo proletário e ação anti-imperialista entre as forças revolucionárias do mundo. Afinal, sua trajetória não ficaram restritas às fronteiras portuguesas, sua atuação se espalhou pela Europa e a África. É impossível contar a história das Guerras de Libertação e Independência de vários países africanos sem se referir ao PCP e seu papel de indutor e colaborador com os movimentos de libertação nacional na Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e tantos outros países africanos irmanados a estes que travaram intensas lutas anti-coloniais ao longo da segunda metade do século 20.

Assim, ao homenagearmos vosso Congresso, recordamos os laços ideológicos, políticos
e culturais entre nossos dois Partidos e povos. Laços que se renovam diante dos novos e complexos desafios que se colocam para o próximo período.

Afinal, o mundo atual segue sendo fortemente impactado pela crise internacional do capitalismo, eclodida em 2007, cujas manifestações mais agudas, sentem os trabalhadores dos países centrais, nomeadamente dos Estados Unidos e da União Europeia, em especial, neste ultimo caso, dos países de menor desenvolvimento relativo.

Fruto das características estruturais do capitalismo e daquilo que Lênin identificou como uma tendência geral ao desenvolvimento desigual do capitalismo, a crise manifesta-se de modo diferenciado nos EUA e na Europa, por um lado, e na China socialista e em vários países em desenvolvimento, que dão mostras de dinamismo e melhoram a sua posição relativa na economia internacional, por outro.

Na América Latina e o Caribe, e em especial a América do Sul, segue a tendência democrática, progressista e anti-imperialista apresentada nos últimos anos, e a região situa-se como um espaço de resistência e de alternativas, nas quais as mais avançadas proclamam o objetivo socialista.

Nosso Partido valoriza um relançamento da luta pelo socialismo no mundo no novo contexto histórico vivido contemporaneamente. Neste relançamento, é preciso tirar lições das primeiras experiências de construção do socialismo iniciadas no século 20.

Dentre elas, na opinião do Partido Comunista do Brasil, uma das grandes lições que se deve extrair destas primeiras experiências é a ideia de que não há nem modelo único de socialismo nem caminho universal de conquista do poder político. A partir da teoria revolucionária marxista-leninista e do pensamento nacional avançado de cada formação econômica social específica, cada povo e cada força revolucionária construirá seu próprio caminho ao socialismo, e construirá o socialismo de acordo com a sua realidade nacional.

Camaradas,

Em nosso país, o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) vive um período de fortalecimento de suas fileiras como poucas outras vezes vistas na história de nosso país. Nossa presença junto aos trabalhadores e aos movimentos sociais, a intensificação da luta de ideias e a presença em responsabilidades conferidas pelo povo em diversos níveis do Parlamento e dos governos, tem descortinado possibilidades de uma maior presença dos comunistas na cena política nacional.

O Brasil progride num sentido patriótico, progressista e democrático. Sob a direção da companheira Dilma Rousseff, este governo de frente ampla que dirige o Brasil atualmente busca continuar e aprofundar as conquistas do governo do presidente Lula.

Neste terceiro período de governo nos quais forças democráticas e progressistas que vão do centro à esquerda estão a frente do governo nacional busca-se implementar um curso de mudanças em nosso país, ainda que se manifestem luta entre tendências e contratendências de matizes diversas no curso deste caminho. Progredir nesse curso mudancista é a razão do apoio e da presença dos comunistas no governo brasileiro.

Reiterando a amizade entre os Partido Comunista Português e o Partido Comunista do
Brasil (PCdoB), manifestamos nossos desejos de pleno sucesso ao foro máximo dos
comunistas portugueses.

Saudações fraternais,

Renato Rabelo – Presidente do Partido Comunista do Brasil (PCdoB)

Ricardo Alemão Abreu – Secretário de Relações Internacionais do Partido Comunista do
Brasil (PCdoB)