Comunistas paraenses analisam resultado das eleições no Pará

Em reunião realizada no sábado (08) o pleno do Comitê Estadual debateu e aprovou resolução política sobre o processo eleitoral de 2012.

Reunião do PCdoB

A reunião contou com a presença de Adalberto Monteiro, representado a direção nacional do PCdoB que acompanhou todo o debate e contribuiu com informes nacionais do Partido a cerca dos resultados das eleições municipais.

Em nome da direção nacional, Adalberto parabenizou os comunistas paraenses pela vitória politica alcançada nesse pleito.

“O Partido vem acumulando força e cresce gradativamente nas batalhas eleitorais, que teve como marco inicial em 2004 ao corrigir sua tática eleitoral e busca entra pra valer na disputa concorrendo com chapas próprias tanto pra vagas proporcionais quanto nas disputas majoritárias. Nesse pleito elegemos 56 prefeitos e 87 vice-prefeitos e conquistou 976 cadeiras nas câmaras municipais, muitas com chapas próprias” concluiu o dirigente.

No Pará o PCdoB obteve uma grande vitória politica no qual elegeu 22 vereados sendo dois na capital paraense e com a vitoria em cidades importantes do estado com mais de cem mil habitantes como: Ananindeua, Capanema, Breves, Cametá e Redenção. Também elegeu três vices prefeitos(as); em Conceição do Araguaia, Ipixuna do Pará e Cachoeira do Ararí.

Jorge Panzera, presidente do Comitê Estadual do PCdoB-Pará, apresentou o documento de balanço eleitoral para ser apreciado pelo pleno do comitê estadual.

“É preciso fazer uma ampla movimentação para continuar reunindo os partidos e as forças que se juntaram no segundo turno das eleições municipais de Belém, em torno de um projeto democrático de desenvolvimento do Pará, que busque romper com a lógica conservadora e atrasada que beneficiam as elites paraenses encabeçada pelos tucanos. Lógica essa de exportação de minério, energia e todo tipo de matéria prima, não agregando nenhum valor a economia paraense.” Afirmou Panzera em um trecho de seu discurso.

Da redação Local.

Leia o documento na íntegra:

Vitória em 2012 fortalece o PCdoB do Pará para contribuir na união dos setores democráticos para derrotar a hegemonia tucana

1. O resultado das eleições de 2012 foi favorável aos partidos que compõem a base de apoio a presidenta Dilma. Cresceu o número de prefeituras, de recursos orçamentários e de eleitores administrados por partidos do campo governista. Além disso, houve a vitória de Fernando Haddad (PT) à prefeitura de São Paulo, a maior cidade do país, derrotando José Serra (PSDB) no ninho do tucanato.

2. O PCdoB manteve o seu crescimento eleitoral, elegendo 56 prefeitos, 85 vice-prefeitos e 976 vereadores. Participamos de mais disputas para prefeituras, protagonizando algumas e colhendo vitórias importantes. Mesmo não elegendo nenhum prefeito de capital, saímos desta batalha com três vice-prefeitos de capitais (São Paulo, Recife e Rio Branco), mantivemos pelo quarto mandato consecutivo a prefeitura de Olinda e elegemos no segundo turno os prefeitos de Contagem (MG), Belford Roxo (RJ) e Jundiaí (SP).

Eleições 2012 consolida hegemonia tucana no Pará

3. No Pará nas eleições ampliou-se o domínio tucano, com a eleição de Belém, Ananindeua, Santarém e quase toda a Região Metropolitana. Além de manter as prefeituras de Abaetetuba e Paragominas e ter eleito, através do PSD, os prefeitos de Parauapebas e Itaituba. O PSDB passa a administrar 32 prefeituras e em torno de 2,1 milhões de eleitores e o PSD 12 prefeituras e 400 mil eleitores, somando juntos 44 prefeituras e mais da metade do eleitorado paraense.

4. O PMDB se mantém como segunda força do estado, administrando 27 prefeituras e 670 mil eleitores. Perdeu as eleições em Ananindeua e Bragança, manteve a prefeitura de Breves e ganhou em Castanhal, Altamira e Canaã dos Carajás. O PMDB tem projeto próprio para governar o Pará, mas dependendo da evolução do quadro político poderá se aliar aos tucanos ou ao PT em 2014, podendo pesar para isso a eleição nacional.

5. O PT é a terceira força política do estado, administrando 24 municípios e 570 mil eleitores. Deixa de governar Santarém e Parauapebas, mas ganha as eleições em Cametá, Bragança e Monte Alegre. Busca construir um projeto para 2014, mais ainda carece de unidade interna e ainda carrega desgaste, principalmente na região metropolitana, da derrota de 2010. Importante acontecimento para o PT foi a absolvição de Paulo Rocha no julgamento do chamado “mensalão”.

6. Eleição que ganha destaque foi a de Marabá, com a vitória de João Salame (PPS), com um discurso e uma frente política de oposição a Jatene, ainda aproveitando de sua projeção no plebiscito sobre a divisão do estado. É importante também observar o futuro de Duciomar Costa (PTB), que não elege o sucessor em Belém, mas permanece vivo politicamente e, a princípio, tende a uma aliança com o PSDB.

7. O quadro político que surge da batalha eleitoral requer dos comunistas maior compreensão sobre a realidade do Estado. Precisamos refletir sobre a vitória tucana e os caminhos que o governo Jatene segue no estado. Este entendimento é fundamental para os enfrentamentos futuros e para a definição de nossa estratégia política para os próximos embates.

Vitória do Projeto Eleitoral do PCdoB

8. O PCdoB do Pará colhe importante vitória política em 2012, obtivemos 83.452 votos para vereadores(as) em 89 municípios e cumprimos com os nossos objetivos nesta eleição. Saímos desta batalha mais fortalecidos, com coesão política e com vitórias significativas. Além de termos projetados importantes lideranças nas disputas eleitorais.

9. Elegemos dois vereadores em Belém em chapa própria, Sandra Batista e Moacir Moraes Filho. Participamos da chapa majoritária que foi ao segundo turno, indicando o vice de Edmilson Rodrigues (Jorge Panzera). E contribuímos na reaglutinação das forças de esquerda no segundo turno de Belém.

10. Nossa vitória em Belém teve como elementos centrais a construção de uma chapa própria competitiva, clareza de nossos objetivos (eleger vereadores), ousadia política de participar da batalha maior (inclusive participando da chapa majoritária que foi ao segundo turno), movimentações necessárias de fortalecimento do comando de Belém e coesão e unidade do Partido, de sua direção, da chapa e da militância para alcançar os objetivos. Em relação a eleição para prefeito da capital participamos da chapa majoritária que foi ao segundo turno, que teve chances reais, mas não logrou êxito pela desigualdade de condições de financiamento na disputa, pelo uso exacerbado da máquina estadual e pelas limitações de forças da esquerda.

11. Mantivemos espaços na maioria dos municípios que tínhamos vereadores e alguns ampliamos. Ampliamos nossos espaços em Ipixuna do Pará elegendo 3 vereadores (Cacau, Professora Maéllen e Marquinho) e a vice-prefeita (Lene), em Moju elegendo 2 vereadores (Castro e Clecinho) e em Bannach também elegendo 2 vereadores (Ana Maria e Gadiel). Mantivemos nossos espaços em Cametá reelegendo Ivan Tavares, em São Domingos do Capim reelegendo Virgílio Soares e em Santa Bárbara do Pará reelegendo Professora Luisa. Perdemos espaços em Santa Isabel do Pará (Denilson é 1º suplente), São Félix do Xingu (Palito é 2º suplente), Canaã dos Carajás e Curralinho (Marquinho é 1º suplente).

12. Ampliamos nossa presença em Câmaras de Vereadores de dez municípios, elegendo em Ananindeua (Muca), Breves (Professor Nena), Redenção (Cabo Avelino), Capanema (Rogério Silva), Novo Repartimento (Adão Tabosa), Augusto Correa (Pepeca), Xinguara (Luisinho da Saúde), Tucumã (Pelé), Chaves (Katiany) e Água Azul do Norte (Professor Gilmar).

13. O PCdoB também participou de 13 eleições majoritárias indicando candidaturas a vice-prefeitos, inclusive na capital. Saímos da eleição com 3 vice prefeitos, em Ipixuna do Pará (Lene), Conceição do Araguaia (Zilma) e Santa Cruz do Arari (Tonhão).

14. A vitória de nosso projeto eleitoral é fruto de justa orientação política e correta condução de nossa direção. Estamos em um novo momento político do PCdoB do Pará, em franca expansão e com boas possibilidades para o futuro. Somos um partido maior e mais complexo, nossa direção tem desafios maiores no futuro, com mais espaços políticos para dirigir e com mais lideranças para incorporar em nossa perspectiva política.

15. As vitórias alcançadas não podem ofuscar nossas debilidades e carências, precisam ser combustível para enfrenta-las e superá-las. Ainda carecemos de maior estruturação orgânica e a batalha demonstrou a falta do fator Partido, de uma direção mais ágil e com maior condição de atuar. Também nos faltou uma melhor condição material para sustentar nossos projetos, apesar de termos evoluídos nesta área, podendo contribuir com a eleição em diversos municípios do estado.

16. Em algumas cidades foram realizadas alianças fora de nosso campo político e tomado rumos errados na definição de nossa presença política. Pela importância política os casos de Castanhal e Marabá é que chamam mais atenção. Em Castanhal apoiamos equivocadamente a candidatura de Marcio Miranda (DEM), contra a orientação da Comissão Política Estadual, e tivemos fraco desempenho eleitoral. No caso de Marabá houve uma mudança no cenário político do município, com a construção de uma terceira via, com discurso e uma frente de oposição ao tucanato, mas o Comitê Municipal contrariando opinião da CPE buscou caminho equivocado, que foi derrotado. Além destes, em outros municípios realizamos alianças fora de nosso campo e a CPE deve debater e tomar medidas para reestruturar e reforças nosso trabalho nestes municípios.

Perspectiva para o PCdoB

17. O quadro político que emerge da eleição de 2012, embora com uma vitória de nosso projeto político próprio, é muito desfavorável para o nosso campo. A hegemonia tucana no estado se fortaleceu, pela primeira vez o PSDB vai governar o Estado e a capital, além das duas maiores cidades do interior. Neste cenário é necessário reforçar a unidade da oposição ao tucanato e buscar ampliar forças para construir um projeto político alternativo no Pará.

18. Devemos manter o caminho de oposição aos tucanos, buscando aglutinar o campo que se uniu no segundo turno de Belém. É necessário ampliar este campo para poder ter forças para enfrentar os tucanos em 2014. É preciso construir efetivamente uma oposição ao PSDB, denunciando as mazelas do governo tucano. Jatene concluiu a metade de seu mandato sem realizações, o Pará continua patinando em seu desenvolvimento e se mantém com indicadores sociais péssimos. A violência toma proporções escabrosas, ceifando vidas principalmente entre os jovens. Os Conselhos com representação da sociedade civil não são valorizados, reduzindo a democracia e o controle social. Além disso tudo o governo fez acordo pouco republicano com as mineradoras para reduzir a taxa mineral.

19. Precisamos construir nosso projeto eleitoral de 2014, que deve ter como objetivo a eleição de deputados federal e estaduais. Sem abdicar de se colocar para disputas políticas mais amplas. Devemos também construir condições, desde já, para disputar e eleger prefeitos em 2016. Acompanhar e potencializar nossa presença na SPU, nas Prefeituras e nas Câmaras de Vereadores para somar no projeto partidário.

20. É necessário fortalecer nossa presença nos movimentos sociais, com atenção especial para os trabalhadores, a juventude e as mulheres. Precisamos também articular mais nossa presença nos movimentos de massas para jogar papel efetivo de denúncia do tucanato e de seu governo anti-povo. Para isso é preciso botar para funcionar nosso Fórum de Movimentos Sociais.

21. Não vamos nos afirmar com força política que almeja disputar o estado sem apresentar opiniões, sem formular ideias para o Pará. Precisamos dedicar mais esforços na disputa de ideias e projetos para o Pará, formulando um pensamento político próprio dos comunistas para o desenvolvimento do Estado.

22. O ano de 2013 deve ser o ano do Partido, dedicando esforços para uma grande participação dos comunistas paraenses no 13º Congresso Nacional do PCdoB. Devemos fortalecer e ampliar o Comitê Estadual, fortalecer o Comitê Municipal de Belém e suas instâncias intermediárias e de base, investir nos Fóruns e coletivos Macro Regionais como instrumento de direção partidária e dar mais vida militante na base partidária.

23. Para construir um planejamento de mais fôlego, desdobrando estes objetivos em projetos concretos, devemos realizar no início de 2013 um amplo debate no Partido. Para coroar este debate devemos realizar Encontro Estadual do PCdoB onde debateremos este plano político e organizativo para o PCdoB do Pará, para ser referendado no Comitê Estadual.

Belém, 08 de dezembro de 2012.