Maré de solidariedade a Chávez, apesar dos reacionários

O presidente venezuelano Hugo Chávez encontra-se em Cuba onde fará uma nova cirurgia, no quadro da luta que realiza, junto aos médicos daquele país socialista, contra um câncer que foi diagnosticado em 2011, foi tratado com rigor e agora tem uma recidiva.

Por José Reinaldo Carvalho, editor do Vermelho

A notícia de que a doença persiste provocou choque e consternação no povo venezuelano, na equipe de governo do presidente, nos seus camaradas do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), nos partidos aliados, especialmente o Partido Comunista, que emitiu uma declaração, nos povos irmãos da América Latina e Caribe e em mandatários de diversos países.

Sereno, cônscio dos seus deveres, o presidente se dirigiu à nação no último sábado, 8 de dezembro, por meio de rede nacional de rádio e televisão para falar com transparência e franqueza sobre sua doença e a delicadeza do tratamento a que está sendo submetido. Mostrou-se consciente dos riscos que sua vida corre nesta etapa, demonstrando força e firmeza também na nova luta que empreende. Homem de fé, revelou confiança.

Líder inconteste do povo venezuelano, dirigente revolucionário cuja ação lúcida e destemida levou a Venezuela e toda a América Latina a conquistar importantes vitórias na luta anti-imperialista e na construção de uma nova ordem política e social, Chávez, mesmo em um momento de transe, não declinou das suas responsabilidades. Fez um chamamento à defesa da pátria, das conquistas da revolução bolivariana, pediu que o povo se mantenha unido em torno da direção coletiva do país. Indicou tarefas ao vice-presidente executivo, Nicolás Maduro, que na sua ausência assume a liderança, e advertiu para a hipótese de que não possa retornar às suas funções presidenciais. Neste caso – propôs – Nicolás Maduro seria o candidato das forças revolucionárias, com a sigla do PSUV e do Polo Patriótico, a eventuais novas eleições presidenciais, conforme estabelece a Constituição da República Bolivariana.

Como era previsível, a direita venezuelana e seus aliados políticos e na mídia aqui e alhures se assanham com invectivas contra o presidente e estapafúrdias acusações. E se lançam a um frenesi de articulações golpistas.

Alguns, com o maior cinismo, ignorando um arraigado sentimento de solidariedade de toda a nação venezuelana, escrevem, dando ares de análise profunda às suas bobagens, que “meia Venezuela fica órfã”. Outros, que também não se pejam em apresentar-se como analistas, se arvoram a agourar que “o chavismo não resistirá sem Chávez”.

Em matéria de bobagens e análises rasas, é inexcedível o editorial publicado pelo jornal Folha de S. Paulo nesta terça-feira, 11 de dezembro. O diário da família Frias posa de moderninho, mas não consegue disfarçar os traços mais reacionários das classes dominantes brasileiras. Sempre a postos para difundir a ideologia conservadora dessa classe e do sistema imperialista, a Folha comenta a doença do presidente venezuelano como a “recidiva do misterioso câncer abdominal”. Queixa-se da possível “maré de solidariedade” que se pode desencadear e prega que a “reação política mais natural” seria um protesto contra o que – lamenta inconformado o jornal paulistano que se aliou à direita venezuelana – teria sido uma manipulação do eleitorado no pleito presidencial de outubro último. O primeiro parágrafo do asqueroso texto é a mais cabal demonstração da solidariedade golpista entre os conservadores em toda a América Latina.

Além das lamúrias, o jornal da alta burguesia paulistana faz a especulação anacrônica de que o resultado da eleição presidencial venezuelana poderia ter sido outro que não a derrota do direitista Henrique Capriles.

No mais, o editorial repete surradas críticas à Revolução bolivariana e à liderança do presidente Chávez, para concluir lançando dúvidas sobre a capacidade de Nicolás Maduro, manter coeso o Partido Socialista Unido da Venezuela e se o “chavismo” reúne forças para sobreviver a Hugo Chávez.

Para azar do jornal paulistano, a maré de solidariedade foi de fato desencadeada na Venezuela e em toda a América Latina. No momento difícil da vida de Hugo Chávez e em que o processo revolucionário bolivariano enfrentará dificuldades adicionais, a força emanada desta solidariedade alentará o povo irmão da Venezuela para seguir adiante no longo e penoso processo de emancipação nacional. Apesar dos agouros dos reacionários de lá e de cá.

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