Acusado de quebra de confiança e fraude, Lieberman renuncia

O Ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, anunciou nesta sexta-feira (14) sua renúncia ao cargo após ter sido acusado pela Promotoria-Geral do país por quebra de confiança e fraude nesta quinta-feira (13).

 “Apesar de não ter cometido nenhum crime, eu decidi renunciar do meu mandato de chanceler e vice-premiê e remover minha imunidade”, disse ele em comunicado. O chanceler havia descartado nesta quinta (13) a possibilidade de deixar o cargo, pois não era obrigado legalmente a fazer isso.

Lieberman explicou, no entanto, que depois de conversar com seus advogados, mudou de ideia. Ele ainda sugeriu que vai tentar entrar em acordo com a Justiça antes das próxima eleição legislativa, marcada para janeiro de 2013. “Depois de 16 anos de investigações contra mim, eu posso encerrar esse assunto rapidamente e sem mais atrasos e, finalmente, limpar o meu nome”, acrescentou.

Além de chanceler e vice-primeiro-ministro, Lieberman é o principal aliado do governo chefiado pelo nacionalista Benjamin Netanyahu. Líder do Ysrael Beiteinu, maior partido da base aliada do Likud, seu nome é crucial para a vitória eleitoral da coalizão. Segundo o jornal israelense Haaretz, oficiais da campanha garantiram sua permanência na legenda.

Pesquisas de opinião no país apontam que a coalizão de Lieberman e Netanyahu deverá obter maioria no Knesset (Parlamento israelense) suficiente para governar. De acordo com o levantamento divulgado pelo Haaretz e o instituto Dialog, com supervisão técnica da Universidade de Tel Aviv, a aliança deverá obter 39 das 120 vagas – a aliança não deverá ter dificuldade, com essa composição, em formar o governo ao lado de outras legendas de direita.

As consequências da renúncia do chanceler para o quadro político nacional pré-eleitoral ainda não estão claras.

“Eu também estou fazendo isso por acreditar que os cidadãos de Israel têm o direito de ir às urnas após a questão ter sido decidida. Isto é, que uma decisão legal será feita antes das eleições e eu vou ser capaz, desta forma, de continuar a servir o estado de Israel e seus cidadãos como parte de uma liderança forte e unida que ataca os desafios econômicos, diplomáticos e de segurança”, afirmou.

Processo

O procurador-geral do país, Yehuda Weinstein, indiciou o chanceler por ter recebido material oficial de uma investigação contra ele do ex-embaixador de Israel na Bielorrússia, Zeev Ben Aryeh. O embaixador conseguiu fazer um acordo com a Justiça no começo do ano.

Lieberman se defende argumentando que jogou o documento no lixo sem sequer o ler e simplesmente não comunicou sobre o fato. Também disse, em agosto de 2009, que renunciaria imediatamente se fosse considerado culpado, mas somente em relação a uma outra suespeita mais grave: a de que teria enriquecido ilicitamente por meio de uma rede de empresas de fachada. Essas investigações o acusavam de lavagem de dinheiro e exercício de pressões sobre testemunhas entre os anos de 2001 e 2008. Ao fim, a promotoria desistiu da acusação contra o chanceler alegando falta de provas.

Fonte: Opera Mundi