Codeplan aponta melhoria de vida do proletariado

Em dez anos, a Classe C, que inclui pessoas com renda per capita de R$ 291 a R$ 1.019, saltou no Distrito Federal de 765 mil pessoas para 1,2 milhão, um aumento de 56,86%.

E junto com o crescimento, uma particularidade. Esta faixa da população passou a ter padrão de classe média, em relação ao poder de compra, mas ainda é dependente de serviços públicos, como escola, transporte e saúde. Razão pela qual especialistas têm divergido sobre uma “nova Classe Média” ou “nova Classe C”.

“É uma classe que nasce dos benefícios sociais e pela grande facilidade do crédito”, aponta Osvaldo Russo, estatístico e diretor de Estudos e Políticas Sociais da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan). Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento no DF também acompanha o movimento nacional. De 2001 a 2011, no Brasil, esta parcela da população passou de 39,6% para 50,4% da população. No Distrito Federal, esse percentual foi de 35,6% para 45,8% da população.

Russo defende que esta parcela da população difere, em geral, das chamadas camadas médias por não ser constituída por profissionais liberais, servidores públicos, assalariados do mercado formal, microempresários, pequenos produtores rurais e categorias profissionais análogas. Os dados apontam que esta nova Classe C está ocupada basicamente no comércio, varejo e serviços. “Exatos 25% deles ainda pagam aluguel”, diz Russo. Para a pesquisa, o estatístico explica que a categorização leva em consideração não só a renda, mas o grau de instrução, a cultura, os hábitos de consumo, o local de moradia e, sobretudo, os valores.

“Em dez anos, mais de 30 milhões saíram da pobreza ampliando o contingente populacional da chamada Classe C no Brasil. O desafio é manter este número. Afinal, com a facilidade do crédito vem a preocupação com o endividamento que pode resultar em possível queda destes percentuais”, prevê Russo.

Conforto dentro de casa

Tudo melhorou na última década na casa de Michelle Monteiro, 31 anos. “Eu só tenho o que comemorar ao lembrar que antes não tinha nem sofá em casa”, conta. Casada há 13 anos e com dois filhos, de dez e quatro anos, ela diz que morava em um barraco alugado. “Eu também nem sonhava com eletrodomésticos que eram considerados de rico, como computador com internet, máquina de lavar e carro”, explica.

Agora, ela conta que a casa está toda mobiliada e com carro na garagem, comprado à vista há uma semana. “Às vezes, é preciso recorrer ao financiamento, mas pagar tudo é uma saída que não aperta no fim do mês”, completa. Só o marido, que é vigilante, trabalha e, assim, a renda per capita da família é de R$ 350. “O nosso padrão de vida se elevou graças às promoções que ele teve no serviço”, explica. Entretanto, a família reconhece que não consegue arcar com despesas com educação e saúde. “Fica muito caro na soma do fim do mês”, destaca Michelle.

O ajudante de gráfica Júnio de Oliveira, 40 anos, morador de Ceilândia, diz que há cinco anos tem percebido a melhoria de vida. A renda per capita da família é de R$ 800. “Meu salário melhorou porque mudei de empresa e os filhos já são independentes”, diz. Na casa, há também eletrodomésticos e serviços que antes não podia adquirir. “Até TV por assinatura nós contratamos. Temos geladeira nova, máquina de lavar e computador com internet. Acredito que estes são itens de conforto e bem-estar”, comenta. A meta, agora, é comprar um carro.