Segundo turno no Egito aprova polêmico projeto de Constituição

Neste domingo (23), os egípcios aprovaram, em referendo com 64% de apoio, o projeto de Constituição questionado por diversos partidos e grupos do país. Eleitores de 17 províncias participaram da segunda fase da consulta, que decorreu sem incidentes. De acordo com dados não oficiais, 57% disseram ser favoráveis à proposta, contra pouco mais de 43%.

Egito - Agência Efe

De acordo com as contagens iniciais, o SIM obteve quase 5,8 milhões de votos, contra pouco mais de 2,313 milhões do NÃO. Após a aprovação da proposta de Carta Magna, o presidente egípcio, Mohamed Morsi, deve convocar eleições para a Assembleia Popular, a câmara baixa do Parlamento.

O nível de abstenção voltou a ser alto. Apenas 32% dos 52 milhões de eleitores registrados compareceram às urnas de votação. Os índices alimentam as suspeitas de fraudes.

A consulta popular foi dividida em duas etapas – no sábado passado (15) e sábado (22) — pela falta de juízes disponíveis para supervisionar o pleito, uma vez que muitos permanecem em greve pela discordância com a proposta, classificada pela principal associação da magistratura no Egito como um “ataque à Justiça”.

Fraude

O respaldo à proposta do não deve calar os protestos da oposição, que pede a anulação do referendo, a formação de uma nova Assembleia Constituinte por meio de eleições e a adoção, por consenso, de uma Constituição que satisfaça os interesses de todos os setores.

O polêmico texto recebe o apoio do presidente Mursi e da Irmandade Muçulmana, mas é criticado por um conjunto heterogêneo de grupos. Os oposicionistas temem a imposição de preceitos muçulmanos e a criação de uma nova ditadura no país, que passa por uma transição democrática desde a queda do regime de Hosni Mubarak por protestos populares.

Centenas de partidários do FSN estão em vigília na Praça Tahrir no Cairo e é provável que em um curto prazo o grupo convoque protestos públicos e, inclusive, conclame a desobediência civil.

De acordo com relatos colhidos pelos opositores, alguns locais de votação abriram horas depois do previsto, islâmicos continuaram a fazer campanha pelo “sim”, mesários influenciaram o voto de eleitores e a lista de eleitores contava com a presença de pessoas não elegíveis, incluindo o nome de homem morto.

Nas últimas três semanas, milhares de pessoas tomaram as ruas egípcias em protestos favoráveis ou contrários à nova Carta Magna e à administração de Mohamed Mursi, deixando dezenas de mortos e feridos.

Com informações da Prensa Latina e do Opera Mundi