Zapatistas voltam a se manifestar e falam em nova era

No dia 21/12/2012 muitas foram as especulações com a simbologia do fim do calendário maia. Para alguns, a data marcaria o fim do mundo, para outros, tratava-se de uma data mística devido ao alinhamento total dos planetas. No México, no entanto, os descendentes maias valeram-se da data e, em absoluto silêncio, milhares de zapatistas deixaram suas comunidades nas montanhas de Chiapas e tomaram pacificamente as ruas de San Cristobal de las Casas, Ocosingo e Las Margaritas.

Zapatistas

Com as bandeiras da EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional) e do México, os indígenas, vestindo máscaras, voltaram a se manifestar depois de 19 anos de silêncio. O sigilo sobre o ato foi mantido até a véspera e o ato surpreendeu os mexicanos. Homens e mulheres, na sua maioria jovens, passaram sobre o templete (pequeno templo) em cada cidade e levantaram o punho. Essa foi a expressão mais simbólica de todo o ato.

A manifestação foi realizada um dia antes do aniversário de 15 anos do Massare de Acteal, quando o Estado mexicano, por meio de cem paramilitares, assassinou 45 indígenas, sendo 18 crianças e 22 mulheres, enquanto rezavam em um templo religioso em Chiapas. O massacre ainda não foi julgado. Em 30 de janeiro de 2008, porém, a Comissão Civil Internacional de Observação dos Direitos Humanos sinalizou que o Estado teve responsabilidade nos fatos.

No final do dia foi divulgado um comunicado oficial do líder máximo do EZLN, Subcomandante Marcos, dizendo apenas: “A quem interessar possa. Escutaram? É o som do seu mundo caindo. E o do nosso mundo ressurgindo. O dia que foi o dia era noite. E noite será o dia que será o dia. Democracia! Liberdade! Justiça!

A música Como a cigarra (Como la Cigarra) de María Elena Walsh, interpretada por Mercedez Sosa acompanha o comunicado. A letra fala em persistência, força e renascimento. “Tantas vezes me mataram, tantas vezes morri, no entanto estou aqui ressuscitando (…) Cantando ao sol, como a cigarra, depois de um ano debaixo da terra, igual a um sobrevivente que volta da guerra”.

Da Redação do Vermelho,
com agências