Incêndio ameaça território indígena Guarani Kaiowá

Por volta das 19 horas da noite do último domingo (6) um foco de incêndio foi causado a 300 metros do território indígena Taquara, munícipio de Juti, estado do Mato Grosso do Sul. O fogo se alastrou por cerca de 15 hectares de terra deixando toda a aldeia em sinal de alerta.

Por Pedro Alves, da aldeia Taquara

Incendio Guarani

Na manhã desta segunda-feira (7), o Corpo de Bombeiros da cidade de Caarapó foiacionado. Após a chegada de dois oficiais, os indígenas Kaiowás se juntaram aos bombeiros para apagar o fogo. Com bombas de água e pás de borrachas os indígenas fizeram a ação.

Leia também:
Aldeia Kaiowá Guarani organiza acampamento de resistência

Logo depois, outros focos de incêndio foram observados a 400 metros da parte central da Aldeia. Por conta do vento o fogo se alastrou rapidamente o que trouxe dificuldades aos bombeiros e indígenas. Segundo a liderança indígena Araldo Veron, é recorrente queimadas como essa acontecer ao redor da Taquara. "Estas queimadas estão acontecendo sempre próximos da aldeia. Algumas vezes são queimadas para a plantação de soja e cana a mando do fazendeiro. Outras, como essa que ocorreu, são feitas para criminalizar os indíos, para destruir nossas áreas", afirma liderança.

Os focos de incêndios ocorreu ao redor da Aldeia e em locais distintos o que elimina a possibilidade de causa natural por raio ou atrito de pedras. Segundo o oficial Sargento Piveta, há grandes possibilidades do fogo ter sido causado pela ação humana, que gradativamente provocou focos em locais diferentes. "A aldeia ficou centralizada e em um raio de 7 a 10 quilômetros os focos foram feitos quase fechando toda aldeia indicando que, provavelmente, o incêndio tenha sido provocado por alguém", afirma o Sargento.

Desde 2002, que o povo Guarani Kaiowá da aldeia Taquara espera a demarcação e homologação de suas terras. Em 2003, a principal liderança da terra indígena, o cacique Marco Veron, foi brutalmente assassinado por jagunços a mando do fazendeiro Jacinto Honório da Silva Filho, proprietário da fazenda Brasília do Sul. De lá para cá as lideranças indígenas da aldeia Taquara sofrem constantes ameaças de morte na disputa pela terra tradicional.

Fonte: blog do Comitê Internacional de Solidariedade ao povo Guarani e Kaiowá