Premiê iraquiano alerta sobre auge de tensões regionais

Assediado por choques sectários e um conflito territorial, o primeiro-ministro iraquiano Nuri al-Maliki disse que a competência regional gravita de maneira negativa sobre seu país, em um discurso divulgado nesta segunda (7), em Bagdá.

"Existe polarização na área e a tensão sectária afeta negativamente o Iraque", disse o titular na celebração do Dia das Forças, que teve lugar ontem na chamada Zona Verde de Bagdá, sob forte esquema de segurança e sem acesso da imprensa estrangeira.

As formulações de Maliki, um muçulmano xiita, aludem indiretamente a quase duas semanas de protestos populares nas províncias ocidentais e do norte, nas quais residem os membros da comunidade sunita que protestam contra o que eles consideram uma política discriminatória do governo.

Os distúrbios nas províncias de Anbar, Kirkuk e Mosul surgiram após a prisão de mais de uma centena de guarda-costas do ministro das Finanças, Rafa el Essawi, nove dos quais foram acusados ​​de realizar atentados e ataques em áreas em que residem membros da majoritária comunidade xiita iraquiana.

O ano passado foi descrito como o mais mortífero desde a onda de ataques em 2006 e 2008. De acordo com estatísticas oficiais, mais de 200 mil pessoas foram mortas por bombas e morteiros de fogo e os feridos chegam ao dobro deste número.

"Nossas forças não combatem agora grupos terroristas ou organizações criminosas isoladas, mas entidades apoiadas pela perigosa ideologia extremista dos Takfiri", disse Maliki, de acordo com o divulgado pela mídia.

Takfiri é como são chamados os muçulmanos salafistas seguidores da escola de pensamento sunita, que declaram hereges ou impuros outros seguidores dessa confissão, uma categoria em que se enquadram os xiitas e os sufis.

Considera-se também que a polarização mencionado por Maliki engloba a crise na Síria pela ação de grupos armados a partir do exterior e que tentam derrubar pela força o presidente Bashar al-Assad, um membro da seita alawita, derivada do xiismo.

O governo iraquiano tenta ficar distante do conflito no seu vizinho do oeste e, no sábado passado, anunciou que tinha impedido a passagem de um contrabando de armas destinadas a grupos antigovernamentais.

Fonte: Prensa Latina