Presidente Dilma criará metas para ministérios

A presidente Dilma Rousseff quer marcar a segunda metade do seu mandato pela eficiência e criar metas concretas para cobrar resultados efetivos de todas as pastas da Esplanada dos Ministérios.

Para isso, deu até o fim de fevereiro para que apresentem compromissos realistas e indicadores da evolução de cada uma das áreas. A ideia é criar um sistema semelhante ao que já existe em grandes empresas privadas, mas com a visão de longo prazo dos planos quinquenais da China.

Os planos feitos pelos ministros de Dilma deverão ser avaliados pela presidente de modo que, até o final deste semestre, já se possam desenhar a estratégia e as metas a serem perseguidas pelas diversas áreas do seu governo. A gestão é um dos temas que a oposição pretende levar para o embate eleitoral nas eleições presidenciais em 2014.

A presidente já determinou que as áreas de infraestrutura façam um grande mapa dos investimentos que devem acontecer e como deverão ser os resultados. O mesmo deverá ser feito nos segmentos de saúde e educação, que terão metas e regras mais claras para serem cumpridas.

Hospitais e escolas monitorados

Nem mesmo a economia, que já está atrelada a metas anuais, escapará dos olhos de Dilma. Além do Ministério da Fazenda, o Desenvolvimento terá de ter seus compromissos. Em 2012, a balança comercial registrou o pior resultado dos últimos dez anos. Entre algumas das propostas em análise estariam a de inclusão de metas para o aumento da participação brasileira nas exportações mundiais, bem como o incremento das áreas de inovação e tecnologia.

O combate à miséria e a manutenção das taxas de emprego são os pontos mais fortes. Mas entre as dez promessas mais importantes, considerando-se a ênfase dedicada a elas na campanha eleitoral ou seu impacto social, a maioria está longe de ser cumprida. É exatamente esse quadro que a presidente pretende alterar até o fim do seu mandato, para confirmar a sua imagem de boa gestora.

Este ano também deve começar a funcionar um grande plano de monitoramento em tempo real de áreas consideradas delicadas e estratégicas pelo governo. Informações recolhidas a partir de câmeras instaladas em hospitais e escolas, por exemplo, além de números que serão acompanhados com lupa por uma equipe designada pelo governo federal para cuidar exclusivamente desse acompanhamento, deverão abastecer um sistema informatizado ao qual o Palácio do Planalto tem acesso.  A partir desse novo programa, que deve ficar pronto ainda este ano, o Executivo terá como saber se médicos de hospitais federais e peritos do INSS estão atendendo muito ou pouco e se estão cumprindo a escala de trabalho.

Será, ainda, possível monitorar se os recursos públicos estão chegando às escolas e como são gastos. O que o Palácio quer é incluir nesse sistema cada vez mais serviços prestados à população. Este é considerado um dos principais desafios do país e a maior queixa dos brasileiros.

O contingente adicional de 37 milhões de pessoas incorporadas à classe média brasileira — estimada em 104 milhões de pessoas este ano — impôs ao governo federal o desafio de adequar as políticas públicas e os serviços oferecidos pelo Estado aos novos interesses de uma camada crescente da população, mais exigente, que já é maioria (53%) e pode decidir uma eleição. O orçamento maior no fim do mês trouxe o desejo de consumir serviços privados e chancelou a percepção de que a qualidade desses mesmos serviços fornecidos pelo Estado está muito aquém das necessidades do cidadão.

O grande hiato de qualidade estaria sobretudo na saúde. Essas pessoas já preferem pagar pelas escolas dos filhos ou recorrer a hospitais particulares. E não abrem mão do plano de saúde. Enquanto 5% da classe baixa possuem planos de saúde, esse percentual sobe para 24% na classe média. Esta é uma das conclusões do caderno “Vozes da Classe Média”, da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) da Presidência da República.

Com informações, O Globo