Aldo Rebelo: "Ecos do Velho do Restelo"

Parece que vai ser mais fácil o Brasil vencer a Copa de 2014 do que dobrar o Velho do Restelo. Trata-se de personagem do poema épico Os Lusíadas, de Luís de Camões. Quando as naus de Vasco da Gama se preparavam para deixar o porto, em uma das mais ousadas e bem-sucedidas viagens do ciclo das grandes navegações, o ancião que vagava pela praia do Rio Tejo, de onde partiram as caravelas para a Índia e para o Brasil, rabujava solitário, “meneando três vezes a cabeça, descontente”.

Por Aldo Rebelo

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Aldo Rebelo

O Velho do Restelo saiu da literatura para entrar na vida real como sinônimo de conservadorismo ou pessimismo. Sua alma pequena hoje agoura o esforço que o Brasil empreende para receber a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos. Os bonecos de ventríloquo reverberam que os dois megaeventos esportivos serão um fracasso, pois as obras em curso, sobretudo as dos estádios, não serão concluídas a tempo. 

Pois bem, 81% das obras estão prontos ou em andamento. Dos seis estádios previstos para a Copa das Confederações, em junho de 2013, já inauguramos dois, o de Fortaleza e o de Belo Horizonte. Os demais avançam no compasso do calendário. O Estádio Nacional de Brasília e o da Fonte Nova em Salvador estão quase prontos, o Maracanã, no Rio, será reinaugurado em fevereiro, o de Pernambuco, em São Lourenço da Mata, no Grande Recife, já tem jogo marcado para 14 de abril. São monumentos ao futebol, em primeiro lugar, dotados de modernidades inéditas num país que não tinha praças à altura de seu nível de excelência no esporte. Estádios multifuncionais, servirão também como centros culturais, de lazer, gastronomia e negócios.

Para 2013, nossos votos são de que a fracassomania do Velho do Restelo mais uma vez se dobre aos operários e engenheiros brasileiros, que, não temendo o “fero desafio” de que falou Camões, se lançaram ao mar e navegaram para o dever cumprido.

* Aldo Rebelo é ministro do Esporte e deputado federal licenciado pelo PCdoB de São Paulo