10 anos do PT no poder: do PL ao PMDB, as polêmicas alianças  

A aliança com o antigo PL do industrial José Alencar, vice-presidente nas duas gestões de Lula, gerou a primeira polêmica entre a esquerda, antes mesmo da posse do petista, por ser a primeira composição do PT para além das forças de esquerda e progressistas. Já na eleição de Dilma, o aliado principal foi o PMDB, do vice-presidente Michel Temer, o que garante ao governo ampla maioria no Congresso.

Para Roberto Amaral, vice-presidente do PSB, isso não garantiu uma hegemonia das forças de esquerda no Legislativo. “Nós, as esquerdas brasileiras (assim mesmo no plural), somos ainda minoria no Congresso e a direita controla monopolisticamente os meios de comunicação de massa. Como governar sem alianças? E como fazer alianças, sendo de esquerda, senão ao centro e à direita? A ‘aliança preferencial com o PMDB’ é uma tragédia imposta pelo nosso presidencialismo de coalizão. A ausência desse apoio em 2005 quase nos custou muito caro”, afirma Amaral, referindo-se à maior crise política pela qual o governo passou nos últimos 10 anos.

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Valter Pomar, do Diretório Nacional do PT, afirma que a política de alianças do partido oscilou durante esses 10 anos. Inicialmente, segundo Pomar, um grupo encabeçado pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci defendia o estabelecimento de um pacto social-liberal com o PSDB; enquanto José Dirceu defendia uma aliança com o PMDB. Na análise de Pomar, venceu uma terceira posição: um pacto com os partidos pequenos.

“O PT é obrigado a manter dois tipos de política de aliança: uma, para garantir a governabilidade cotidiana de um governo de centro-esquerda; outra, para alterar a correlação de forças na sociedade, criando as condições para transitarmos rumo a um governo de esquerda.

O partido não conseguiu manter este segundo tipo de aliança, que exigiria uma “frente popular” com partidos de esquerda, movimentos sociais e intelectualidade progressista. Este é, na minha opinião, o principal erro do grupo que dirigiu o partido neste período”, critica.

Fonte: Brasil de Fato