Irã prepara filme de resposta a 'Argo'

O Irã vai subsidiar um filme sobre a crise dos reféns americanos de 1979, em reação à visão "deformada" do fato apresentada por "Argo", longa-metragem de Ben Affleck premiado no domingo (13) no Globo de Ouro, anunciou a imprensa iraniana nesta terça-feira (15).

"O roteiro do filme 'Setad moshtarak' (Os chefes do Estado-Maior, em farsi) foi aprovado pelas autoridades e aguardamos o orçamento para iniciar as filmagens", afirmou o diretor iraniano Ataollah Salmanian, acrescentando que o filme "pode ser uma resposta apropriada à visão deformada de alguns filmes, como 'Argo'", relativo aos eventos da ocupação da embaixada americana em Teerã, no dia 4 de novembro de 1979, e ao sequestro de diplomatas americanos, explicou.

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O filme "narra a libertação de 20 reféns americanos pelos revolucionários iranianos no início da Revolução" Islâmica de 1979, acrescentou Salmanian, que também é ator. Esse sequestro, que durou 444 dias, provocou o rompimento das relações entre os Estados Unidos e o Irã.

O filme de Ben Affleck, "Argo" conta a história da retirada dos diplomatas americanos que conseguiram fugir e se refugiar na embaixada do Canadá. O filme ganhou no domingo o Globo de Ouro de melhor diretor e o de melhor filme de drama.

O jornal 7Sobh (7h00 da Manhã, em farsi) classificou nesta terça a cerimônia do Globo de Ouro de "maior cerimônia política da história do cinema americano" e "Argo" de "tentativa ridícula" de recriar o Irã de 1980.

O diário denuncia também a série americana "Homeland", que tem sua segunda temporada centrada em um complô terrorista iraniano, acusando-a de ser uma "poderosa máquina de propaganda para a CIA".

Crise de Reféns

A história retratada no filme ficou conhecida como Crise de Reféns do Irã, durante a Revolução Iraniana, e foi considerado um forte golpe contra os Estados Unidos e sua influência no Irã, com tentativas de minar a Revolução Iraniana, e seu apoio ao Xá do Irã, derrubado pela revolução. O xá havia sido restaurado ao poder em um golpe de estado no ano de 1953, organizado pela CIA.

Um grupo de estudantes e militantes islâmicos tomaram a embaixada americana em Teerã, em apoio à Revolução Iraniana, e mantiveram como reféns 52 estadunidenses por 444 dias (de 4 de novembro de 1979 a 20 de janeiro de 1981).

Após tentativas fracassadas de negociar uma libertação, os militares dos Estados Unidos tentarem uma operação de resgate, a Operação Eagle Claw, em 24 de abril de 1980, que resultou em uma missão fracassada, a destruição de duas aeronaves e a morte de oito soldados americanos e um civil iraniano.

A crise terminou com a assinatura dos Acordos de Argel, na Argélia em 19 de janeiro de 1981. Os reféns foram formalmente libertados sob custódia dos Estados Unidos no dia seguinte.

Da Redação em Brasília
Com agências