Tribunal paquistanês ordena prisão de primeiro-ministro

O Tribunal Supremo do Paquistão ordenou nesta terça (15) a detenção do premiê Raja Pervez Ashraf, por seu suposto envolvimento em um caso de corrupção no período em que foi titular de Energia e Água.

Fontes judiciais disseram que o chefe de governo faz parte de um grupo de aproximadamente 20 pessoas que deverão ser levadas à corte no mais tardar nesta quarta-feira (16).

Como responsável pela pasta de Energia e Água (2008-2011), Ashraf é acusado de malversação em um projeto de aluguel de geradores elétricos que, com participação de empresas estrangeiras, custou aos cofres públicos bilhões de dólares e sequer amenizou a profunda crise energética da nação sul-asiática.

Em junho do ano passado, quando o dirigente Partido Popular de Paquistão (PPP) procurava substituir o premiê Yousuf Raza Gilani, Ashraf foi um dos candidatos, mas poucos o consideravam com chances, por seu suposto envolvimento neste assunto, do qual saiu com o apelido de Aluguéis Raja.

A principal carta do PPP era o ex-ministro de Saúde Makhdoom Shahabuddin, mas ele se retirou da disputa porque sobre ele caíram suspeitas de importações irregulares de efedrina, um medicamento que pode ser utilizado para produzir a proibida metanfetamina.

Essa circunstância, junto às boas relações de Ashraf com o presidente Asif Ali Zardari, abriram finalmente as portas para o cargo.

Seu predecessor, Gilani, teve que abandonar o cargo quando o Tribunal Supremo o declarou culpado em acusações de desrespeito aos tribunais, dada a sua recusa em reabrir uma série de casos de corrupção contra diversas figuras políticas do país, incluindo o Presidente, Asif Ali Zardari.

A corrupção é um dos principais problemas no Paquistão, a ponto de uma recente investigação independente ter revelado que dois terços dos parlamentares federais e dos ministros sonegaram o pagamento de impostos em 2011.

Segundo o relatório, nem Zardari, nem 34 dos 55 membros de seu gabinete, incluído o titular de Interior Rehman Malik, declararam impostos esse ano.

A notícia da ordem de detenção de Ashraf coincidiu com a tomada do centro de Islamabad por milhares de seguidores do reformista Tahirul Qadri, que condenou em seu discurso a corrupção política imperante no país. Os manifestantes cobraram a formação de um governo provisório e o progresso das eleições, previstas para o início do próximo mês de março.

Em meio a crescentes sinais de instabilidade política, o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, negou nesta quarta (16) que tenha planos de refugiar-se no exterior e reiterou que as eleições gerais serão na data programada.

"O presidente não vai a lugar nenhum e está pronto para enfrentar qualquer situação", assegurou seu porta-voz, Farhatullah Babar. As declarações de Babar foram feitas para desmentir rumores segundo os quais o presidente planejava viajar a Dubai para fugir dos riscos derivados da incerta situação política imperante no país.

Com Prensa Latina