Sindicalistas e empresários criticam manutenção da Selic a 7,25%

Nesta quarta-feira (16), o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter a Taxa Selic em 7,25% ao ano, desagradando trabalhadores e empresários. Em nota, entidades representativas de segmentos econômicos e sociais criticaram a segunda manutenção seguida da Selic.

Trabalhadores contra os juros

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Força Sindical e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf) criticaram a decisão considerando que o Copom “perdeu uma oportunidade” de continuar diminuindo os juros e, com isso, segundo a Contraf, “forçar uma queda maior dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e incentivar o emprego, o desenvolvimento e a distribuição de renda”.

Para a Força Sindical, a continuidade na redução da Selic é uma forma de estimular a economia. “É preciso agilidade e reduções eficazes dos juros para facilitar o crescimento da economia e diminuir a dívida pública, estimular a produção industrial, que se encontra estagnada, aumentar o consumo e gerar empregos de qualidade”, diz o comunicado divulgado pela da central.

O presidente da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Carlos Cordeiro, criticou a timidez do Banco Central. “Foi desperdiçada uma boa oportunidade para retomar o caminho da redução da Selic e, com isso, forçar uma queda maior dos juros e dos spreads dos bancos, a fim de baratear o crédito e incentivar o emprego, o desenvolvimento e a distribuição de renda”, afirmou. “Apesar das quedas da Selic em 2012, os bancos brasileiros ainda continuam praticando juros e spreads que permanecem entre os mais altos do mundo, travando a produção e o consumo, freando o crescimento econômico do país”.

A taxa de juros média para pessoa física foi de 5,44% ao mês (88,83% ao ano). O cheque especial ficou em 7,82% ao mês e os juros do cartão de crédito em 9,37% ao mês. Já a taxa de juros média para pessoa jurídica foi de 3,07% ao mês (43,74% ao ano). “Todos esses juros ainda são altos e precisam cair mais. A inflação e a baixa inadimplência não justificam essas taxas elevadas”, criticou o dirigente sindical.

Os industriais concordam, e a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) também defendeu a continuidade na redução dos juros para aumentar a competitividade da economia. “Acreditamos que novas quedas na Selic ocorrerão ao longo do ano, mas o governo precisa aumentar a competitividade da economia e destravar o investimento. Um exemplo recente foi a MP [Medida Provisória] 579, “que trouxe a redução no preço de energia”, diz a nota assinada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

O vice-presidente da CTB e secretário Sindical Nacional do PCdoB, Nivaldo Santana, juntou-se aos críticos da decisão do Copom. "A opinião dos trabalhadores e de boa parte do setor produtivo nacional é clara”, disse ele. “A política de diminuição dos juros da economia precisa ser retomada. Juros mais baixos funcionam como indutor do crescimento da economia, aumentam os investimentos, o consumo e contribui, em consequência, para a geração de empregos. A primeira reunião do COPOM este ano, no entanto, mantém, pela segunda vez, os juros em 7,25% e sinaliza que esse percentual pode ser mantido por um longo período, o que pode dificultar uma das metas centrais do próprio governo que é um aumento maior do PIB para este ano."

Com agências