Bienal da UNE: O que o Brasil precisa é descobrir o Nordeste

“O que o Brasil precisa é descobrir o Nordeste. A Europa já descobriu o Nordeste e o Brasil não descobriu ainda. Por exemplo, Pernambuco tem 21 ritmos catalogados. Então você vê a Argentina, que tem dois ritmos, a milonga e o tango, e eles exploram muito bem o tango turisticamente", explica Santanna O Cantador. 

Alexandre Santini*, de Olinda, para a Rádio Vermelho

"Já nós temos 21 e ainda não sabemos explorá-los”, conclui o artista popular em entrevista, após a Aula Espetáculo “A história do Baião”, na 8ª Bienal da UNE, realizada nesta quinta-feira (25), em Olinda (PE).

Santanna O Cantador nasceu em Juazeiro do Norte, no Ceará, em 29 de fevereiro de 1960. Os avós eram poetas. Da sua infância aos dias de hoje, carrega a influência do aboio do vaqueiro nordestino, do canto das lavadeiras, do canto das rezadeiras e, finalmente, do canto dos cantadores violeiros e emboladores.

Em 1984, quando era bancário de uma agência em Exu (PE), veio a conhecer Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, de quem se tornou amigo particular. A admiração pelo Rei transformou-se em grande amizade. Participou de vários de seus shows fazendo a abertura e, em seguida, o vocal.

“Aprendi que no Brasil existem duas nações, a nação gaúcha e a nação nordestina, o restante é considerado povo. Quem mais migra neste país é o gaúcho e o nordestino, então eles levam a cultura, os centros de tradições gaúchas, os centros de tradições nordestinas, por toda parte”, destaca o artista popular.

Além de Santanna O Cantador, participaram da Aula Espetáculo Mestre Camarão e Salatiel D’Camarão, além da secretária executiva do Ministério da Cultura, Jeanine Pires. Na ocasião, a secretária afirmou que apoiará a UNE para que o forró seja considerado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

A 8ª Bienal de Arte e Cultura da UNE é considerada o maior evento estudantil da América Latina e reúne mais de 10 mil estudantes de todos os estados brasileiros de 22 a 26 de janeiro em Olinda (PE). O tema desta edição é “A Volta da Asa Branca”, uma homenagem ao Sanfoneiro Luiz Gonzaga, cujo centenário foi comemorado em 2012.

*Alexandre Santini é ator, dramaturgo, diretor de teatro, produtor e gestor cultural. Atualmente se dedica à formulação e implementação de políticas públicas de cultura com impacto direto na juventude. Foi Coordenador-geral do Instituto do Centro Universitário de Cultura e Arte da UNE e presidente do Instituto Tá na Rua para as Artes, Educação e Cidadania.
** Colaborou Carla Santos

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