Impasse sobre projeto da Praça Castro Alves continua em Salvador
A polêmica envolvendo o projeto da Arena Castro Alves, em Salvador, parece estar longe de acabar. Enquanto o secretário Estadual de Turismo (Setur), Domingos Leonelli, defende a implantação do projeto no Centro Antigo com a alegação de que a Arena não causaria transtornos ao local, o Instituto dos Arquitetos do Brasil – Bahia (IAB-BA) demonstra-se contra a construção. O IAB-BA pontua irregularidades na acessibilidade, sonoridade do local e no processo de escolha do projeto.
Publicado 25/01/2013 17:40 | Editado 04/03/2020 16:17
A Secretaria de Turismo propõe que a arena seja implantada na encosta que liga as cidades Baixa e Alta, entre a rua do Sodré e as ladeiras da Conceição e da Preguiça, a cerca de 50 metros da Praça Castro Alves. A Arena será um espaço multiuso, que poderá sediar apresentações musicais, espetáculos teatrais e de outras linguagens artísticas e manifestações culturais.
Além disso, o projeto prevê a implantação de áreas para oficinas de teatro, cenografia e sonoplastia. A construção é apresentada pela Setur como uma das principais diretrizes do plano de reabilitação do Centro Antigo de Salvador, que propõe a implantação de unidades habitacionais na região.
Apesar das vantagens apresentadas pelo órgão, o presidente do IAB, Nivaldo Andrade, pontuou os futuros problemas a serem causados pela execução do projeto. “Estamos falando de um grande projeto para uma área central da cidade, que não foi discutido com a população. Caso esta Arena, com capacidade para abrigar cerca de 5 mil pessoas, seja construída, teremos problemas no trânsito, na questão da sonorização e acessibilidade. Concordo que a região precisa ser revitalizada, mas não desse jeito”.
Diante da polêmica, Domingos Leonelli orientou os técnicos da Setur e Bahiatursa (Empresa Baiana de Turismo) a marcar uma nova reunião para reapresentação do anteprojeto da Arena Castro Alves à comunidade do Centro Antigo. De acordo com o secretário, assim que tomarem conhecimento do projeto real, poucos serão os que ficarão contra a implantação do equipamento.
“Se a petição pública contra a implantação da arena representar a vontade da maioria, não teremos dificuldade de retirar o projeto e aproveitar o recurso em outro lugar. Entretanto, antes de protestar contra o projeto, talvez fosse bom conhecê-lo melhor. Longe de contribuir para a confusão, bagunça e sujeira, como dizem os que estão protestando, a arena funcionará como ponto de contemplação de espetáculos de música e teatro, de mostras de artes plásticas, de forma limpa, organizada e não poluente”, explica Leonelli.
Apresentação à comunidade
O projeto já foi mostrado à comunidade durante uma das cinco audiências públicas para apresentação da proposta de requalificação das ruas adjacentes à Rua Chile, das quais a Setur está responsável pela elaboração.
De acordo com Nivaldo Andrade, as irregularidades existem desde o modo da escolha do projeto, que segundo ele deveria ter sido feita através de concurso público. “Várias praças e construções da cidade tiveram os projetos aprovados através de concurso público. Não há motivos para esse projeto ser diferente. Além disso, precisamos ficar atentos aos transtornos que causará à cidade. Vamos imaginar o trânsito do centro de Salvador, misturado a cerca de 5 mil pessoas. Tenho certeza que, invés de contribuir com a revitalização do local, essa Arena vai piorar tudo. O Hotel Fasano, previsto para se implantar na região, com certeza será incomodado pelo barulho das apresentações”, afirmou.
Sobre as discussões em torno da Arena, o secretário explicou que “trata-se da recuperação de uma área degradada e de uma instalação que, longe de congestionar, vai aliviar a Praça Castro Alves durante os eventos que ali serão realizados. E quanto à perturbação das salas de cinema, é simplesmente impossível isso acontecer, dado que todo som será propagado em direção à Baía de Todos os Santos”.
De Salvador,
Ana Emília Ribeiro
Com informações da Tribuna da Bahia