Começa contagem para novo ciclo de diálogos de paz na Colômbia
Depois de concluir o primeiro ciclo em 2013 dos diálogos de paz para Colômbia, começa nesta sexta-feira (25) a contagem regressiva para seu reinício no dia 31 de janeiro, em um processo encaminhado a finalizar um conflito armado a mais meio século.
Publicado 26/01/2013 12:03
Os representantes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (Farc-EP) e do governo que declararam nesta quinta (24) que as conversas marcham a bom passo, e que se chegou a pontos de coincidência, ainda que persistem algumas diferenças.
Mediante um comunicado conjunto informaram que aparecem aproximações referidas a erradicar a pobreza rural e a conseguir uma transformação da realidade do campo.
Nesse sentido, as duas partes referiram-se à necessidade de programas integrais para democratizar o acesso à terra.
Esses programas devem ser sustentáveis, dar segurança jurídica à propriedade e assegurar o bem-estar ao maior número de camponeses e população rural, indicaram.
Durante uma coletiva de imprensa oferecida no Palácio de Convenções de Havana, sede permanente deste diálogo que tem como garantidores Cuba e Noruega, o chefe da delegação do governo colombiano, Humberto da Calle, considerou que as práticas avançam em um clima de respeito e diálogo amplo.
Assim mesmo, apontou que "há coincidências no anseio de transformar o campo, ainda que também subsistem diferenças notáveis".
Por sua vez Iván Márquez, que encabeça a representação das Farc-EP, também valorizou de maneira positiva o ritmo de avanço do processo, ao mesmo tempo em que pediu ao governo para resolver a problemática da injusta distribuição da terra.
A questão agrária é o primeiro de seis pontos fixados pelas partes para guiar o diálogo e é considerada fundamental para conseguir o estabelecimento da paz, pois constitui a causa principal do início do conflito.
Os outros temas referem à participação política, o fim do conflito armado, a solução ao problema das drogas ilícitas, os direitos das vítimas e os mecanismos de verificação e certificação do pactuado na mesa. Sobre o tema da terra, as FARC-EP anunciaram, ao iniciar este ciclo -o terceiro ponto desde que se instalou a mesa no dia 19 de novembro-, a adoção de uma posição preliminar que toma em conta as propostas emitidas pelo povo colombiano e organizações sociais em diversos foros, eventos, e um site habilitado para isso.
Os detalhes da postura se expõem no documento Dez propostas para uma política de desenvolvimento rural e agrário integral com enfoque territorial, o qual aponta "resolver a injusta estrutural latifundiária da posse da terra".
Os dez pontos foram dados a conhecer paulatinamente nos diferentes dias, e entre eles sobressai a realização de uma reforma rural e agrária integral, socioambiental, democrática e participativa, além da melhoria das condições de vida dos agricultores rurais.
Durante estas conversas, as Farc-EP também pediram explicações ao governo sobre um projeto que a julgamento dos guerrilheiros persiste na determinação de entregar maiores concessões aos latifundiários e rentistas.
A respeito, eles consideraram que é um contra senso de um mau ameaçador que o governo continue com essa iniciativa, quando a busca da paz coloca como elemento fundamental a discussão de uma política de desenvolvimento agrário integral nutrida dos critérios da cidadania.
Por sua vez, a administração do presidente Juan Manuel Santos considerou que sua política agrária é avançada, audaz e nova, e "se fará respeitando o direito privado, respeitando a propriedade e respeitando os direitos adquiridos de boa fé".
Durante estes nove dias da primeira rodada, que incluíram dois dias de descanso intercalados, saíram à luz outros temas, como o mecanismo que se utilizará para referendar os eventuais acordos da mesa de diálogo.
A guerrilha celebrou coincidir com o mandatário colombiano no referente à necessidade de uma consulta popular para referendar os acordos, mas defendeu o valor de uma Assembleia Constituinte como única instância capaz de garantir legitimidade e segurança jurídica ao processo de paz.
Outro dos assuntos manejados nestes dias foi a reiterada proposta das Farc-EP ao governo de um cessar bilateral de ações encaminhado a se ter um ambiente tranquilo as conversas de paz.
Ainda que a administração do presidente Santos se mostrou a favor do estabelecimento da paz, considera que um cessar fogo deve ser resultado dos eventuais acordos da mesa de conversas em Havana.
Fonte: Prensa Latina