Presidente egípcio convoca diálogo e decreta toque de recolher

As cidades egípcias de Port Said, Suez e Ismailia, no Norte do país, cumpriram suas primeiras 10 horas do toque de recolher decretado pelo presidente Mohamed Morsi, que convocou para esta segunda (28) um diálogo com a oposição.

A medida é válida por 30 dias e vale a partir das 21h e até as 6h do dia seguinta (18:00GMT-03:00GMT). Essas localidades foram o cenário de violentos protestos nos quais morreram cerca de 40 pessoas e quase 600 ficaram feridas em distúrbios registrados na última quinta-feira.

Os confrontos ocorreram após a condenação à morte de 21 acusados no julgamento pelos incidentes de fevereiro do ano passado, após uma partida de futebol em Port Said.

Em um discurso ao vivo através da televisão nacional, o presidente disse ser contrário à imposição de medidas excepcionais, mas recordou ter alertado que recorreria a elas caso fosse necessário.

O toque de recolher entra em vigor no meio de uma crise que deixou o país à beira da ingovernabilidade devido ao choque com os partidos opositores, aglutinados na Frente de Salvação Nacional (FSN), e entidades islâmicas moderadas, adversas ao incremento da influência da Irmandade Muçulmana (IM) na política nacional.

As conversas estão marcadas para hoje às 18h e os convidados são os principais componentes do FSN, bem como os partidos Liberdade e Justiça, braço eleitoral da IM que levou Morsi à presidência, os salafistas Nour e Jamaa al Islamiya, o moderado Wasat e um acadêmico sunita, Mohamed Selim Awa.

A FSN absteve-se de responder à convocação, ainda que no sábado passado tenha fixado cinco condições para negociar: formar um comitê para determinar responsabilidades na violência, criar um grupo de trabalho para reformar a Constituição, integrar um governo de salvação nacional, anular a declaração constitucional de novembro passado que outorga poderes absolutos ao mandatário e levar a Irmandade Muçulmana aos tribunais "por essa ter sido um elemento principal na administração do país por um ano sem fundamento ou autorização legal".

Em seu discurso, Morsi se absteve de dizer se aceita as exigências, ainda que em uma primeira vista é improvável que leve a IM aos tribunais ou ceda parcelas do poder.

A anulação da Carta Magna é outro ponto de conflito já que as prerrogativas desse texto impedem que ela seja feita de imediato.

Fonte: Prensa Latina