Vanessa fala sobre política e comenta sátira da Banda da Bica 

Em entrevista ao portalamazonia.com, a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM-foto) fala sobre as ações políticas, participação nas eleições e a defesa do Polo Industrial de Manaus (PIM). A senadora resume 2012 com uma palavra: trabalho. A parlamentar adianta quais as bandeiras de lutas pelo Estado para este ano. E ainda explica como recebeu a notícia de que seria tema da “Banda da Bica”, popular banda de Carnaval de Manaus, em 2013.  

Portal Amazônia: Como a senhora resume o ano de 2012? Quais as maiores conquistas?
Vanessa Grazziotin: Resumo 2012 com a palavra “trabalho”. Tivemos muitas conquistas, como, por exemplo, a aprovação no Senado da aposentadoria para as donas-de-casa, do adicional de periculosidade de 30% aos vigilantes e seguranças privados, uma luta nossa de mais de nove anos; da tarifa social de energia elétrica para famílias de renda de até três salários mínimos e que tenham membros idosos e da imunização contra o HPV entre meninas de 9 a 13 anos, gratuitamente, no SUS.

Portal Amazônia: O Polo Industrial de Manaus está, a cada ano, sendo atacado com maior ferocidade. Para 2013, que tipos de ações a senhora irá tomar e como se articulará para defender o modelo Zona Franca?
VG: O PIM gera a maior receita do nosso estado. Graças a ele, o Amazonas teve uma expansão industrial de 2,9% em outubro de 2012, data da pesquisa mais recente do IBGE. Como comparativo, a média nacional no mesmo período foi de 0,9%. Ano passado, o modelo faturou mais de R$ 70 bilhões e empregou mais de 123 mil pessoas. Dessa forma, teve o melhor desempenho em 45 anos de história. Em 2013, já tivemos um aquecimento nas contratações para ele, com 2,8 mil pessoas contratadas só nos 15 primeiros dias do ano.Vale lembrar que alcançamos esses feitos num tempo de crise internacional e baixo crescimento de outras grandes economias do mundo. Além da importância econômica, o Polo é uma maneira de proteger a floresta amazônica do desmatamento.

Portal Amazônia: A senhora falou das dificuldades e das lutas para manter o PIM. Ainda vale a pena batalhar pelo Polo Industrial?
VG: Vale, e muito! Neste ano, precisamos continuar a protegê-lo, com a mesma veemência, de ações como o Adin de São Paulo, de agosto do ano passado, pelo qual o governo paulista questionou junto ao STF os incentivos fiscais de crédito estímulo sobre às empresas instaladas aqui e pediu a suspensão deles. Mesmo com um retrospecto, graças ao modelo industrial, de geração de emprego e renda no Amazonas e as projeções de continuidade deste, precisamos ver para além do PIM. Precisamos viabilizar alternativas a ele que protegem e valorizem a nossa biodiversidade. A minha contribuição nesta área é uma emenda para a construção de uma fábrica de medicamentos que usa recursos amazônicos na Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

Portal Amazônia: No ano passado, a senhora participou do pleito municipal de Manaus. Com a vitória de seu adversário político, a senhora considera sua popularidade abalada? Haverá trabalhos em parceria com o novo prefeito da capital? O que podemos esperar do relacionamento entre a nova administração de Manaus e os senadores pelo Amazonas?
VG: Não considero que tenha tido a popularidade abalada por causa da eleição. Muito pelo contrário, aliás. Graças à eleição, pude me aproximar intensamente do nosso povo. No período, também aprofundei meus conhecimentos sobre as necessidades da nossa cidade. Quanto ao novo prefeito, vamos manter uma relação republicana com ele. No Senado, o nosso objetivo é continuar trabalhando muito pelo Amazonas e por Manaus e defendendo os interesses do nosso Estado.

Portal Amazônia: A PEC da Música foi debatida com veemência no ano passado. Houve reações em vários setores e até a participação da sociedade em geral, por meio das redes sociais. Como a senhora avalia o resultado?
VG: Tivemos um resultado positivo ao barrá-la no Senado. Mesmo assim, a PEC da Música pode voltar este ano, especialmente porque tem apoio de grandes artistas. Vamos continuar trabalhando muito para proteger a ZFM dela, tal como no ano passado.

Portal Amazônia: A revalidação dos diplomas de médicos estrangeiros também divide opiniões. Qual foi o resultado desta demanda? Qual a importância, especialmente para o Amazonas, de um resultado positivo?
VG: Em relação a esse assunto, fui procurada por diversos membros da categoria médica e demais interessados por diversos meios, inclusive por e-mail e redes sociais, as quais possibilitam qualquer cidadão propor novas ideias para o mandato. Nesse contexto, depois de ouvir todas as opiniões, resolvi tratar o assunto da melhor maneira possível, de uma forma que valorize os profissionais da medicina e seja de consenso tanto à categoria médica quanto à população principalmente do interior, que precisa urgentemente de médicos. A melhor maneira para tratar a questão ainda está sendo discutida em todos os âmbitos.

Portal Amazônia: A Banda da Bica, tradicionalmente, ironiza fatos com políticos amazonenses. Este ano, a senhora é o ‘alvo’ da marchinha. Qual seu posicionamento a respeito?
VG: A Banda da Bica é marcada pela irreverência e pela democracia. Ela sempre abordou temas de grande repercussão na sociedade manauara. Então, eu sabia que haveria a possibilidade de que o tema da banda – ao qual não me cabe questionamento – fosse a agressão, divulgada amplamente pela mídia, que eu sofri. Aliás, agressões, pois o ocorrido me atingiu física e moralmente: no dia do acontecido, cabos eleitorais de um candidato levaram bonecos e cartazes depreciativos a mim, houve a agressão física propriamente dita e, depois, a tese da “farsa”. No entanto, tenho reservas quanto ao uso do tema, que não foi totalmente elucidado e está sendo objeto de investigação judicial. Além disso, toda forma de preconceito tem de ser abolida e não quero crer que nenhum dos membros da banda teve a intenção de me discriminar pelo fato de ser mulher, comunista e ter olhos azuis.

Portal Amazônia: Para 2013, quais as principais bandeiras de luta da senhora?
VG: Continuarei com as bandeiras que milito desde o início da minha vida pública, há mais de 30 anos: os direitos da mulher e dos trabalhadores e a defesa da Zona Franca. Ainda é cedo para precisar como trataremos estas questões neste ano. O certo é que trabalharei muito por elas no mandato que o povo do Amazonas me concedeu no Senado.