Sunitas iraquianos protestam contra o governo xiita

Sunitas realizaram manifestações em Ramadi, capital da província de Anbar, e em Fallujah nesta sexta-feira (01). Os protestantes também marcharam na capital iraquiana Bagdá e na cidade de Samarra, que fica a 125 km ao norte da capital nacional, reclamando da marginalização provocada pelo governo liderado pelos xiitas.

Sunitas protestam contra governo xiita - AFP e Al-Jazeera

Em Fallujah e em Ramadi, os manifestantes cumpriram com as orações do meio-dia da sexta-feira, a principal da semana religiosa, na estrada que liga o Iraque à Jordânia. Os protestantes reclamam de “discriminação oficial”, dizendo que as leis antiterrorismo e outras políticas têm como alvo a minoria sunita. Os protestos foram incitados pelas prisões realizadas em dezembro passado, que incluíam os guarda-costas do ministro das Finanças Rafia al-Issawi, um sunita.

Líderes e ativistas políticos também convocaram protestos em Fallujah em solidariedade com os sete rapazes mortos em confrontos entre as forces do governo e os protestantes na cidade, na semana passada. Dezenas de milhares de manifestantes levantavam fotografias dos mortos na demonstração e gritavam slogans anti-governo.

A reporter Jane Arraf, da Al-Jazeera, que estava em Fallujah, disse que muitos caminharam por horas para chegar ao protexto desta sexta-feira, e transformaram a Estrada em uma mesquita para as orações da semana. “O primeiro-ministro Nouri al-Maliki está sob crescente pressão para escutar as reivindicações deles”, ela disse, completando ainda que muitos dos protestantes, majoritariamente rapazes, estavam desempregados ou estiveram presos. “Eles sentem-se negligenciados pelo governo xiita”, adicionou.

O governo de Maliki ofereceu algumas concessões, inclusive a libertação de centenas de prisioneiros, mas os protestantes tornaram-se mais desafiadores desde as mortes em Fallujah, na semana passada. “Nunca esqueceremos o que o Exército fez a nós, não só na última sexta-feira, mas todo o seu comportamento tem sido sectário contra nós”, disse Omar Al-Jumaili, 51, em Fallujah. "Nossa nova exigência: o Exército iraquiano deve deixar esta área”, completou.

O primeiro-ministro indicou uma figura sênior xiita para falar com os manifestantes sobre as exigências, incluindo a lei de anistia e a distensão da chamada campanha de “des-Baathificação” contra membros do partido Baath de Saddam Hussein, banido da política. Enquanto isso, o grupo Estado Islâmico do Iraque, supostamente afiliado a Al-Qaeda, motivou os sunitas a recorrem às armas contra o governo: a escolha estaria entre “curvar-se aos xiitas ou pegar em armas para restaurar a dignidade e a liberdade”, disse Abu Mohammed al-Adnani, porta-voz do grupo, em declaração em sua página virtual.

Al-Adnani disse que os protestos contra o primeiro-ministro Nouri al-Maliki marcam o “fim da humilhação sunita no Iraque”. Os organizadores das manifestações em Ramadi, Fallujah e outros lugares, entretanto, disseram que não têm qualquer ligação com o grupo e que seu objetivo é realizar demonstrações paíficas.

Com Al-Jazeera