Conferência sobre Segurança: “Otan precisa se fortalecer”

O secretário geral da Otan, Anders F. Rasmussen, em discurso durante a Conferência sobre Segurança Internacional , em Munique, neste sábado (02), falou das “grandes oportunidades” na conclusão da ISAF (a maior operação militar da organização, no Afeganistão), em 2014. No encontro, debateram-se ainda questões nucleares e o “futuro da defesa” no Atlântico.

Anders Rasmussen em discurso na Conferência de Munique

Rasmussen centrou seu discurso no esforço dos membros da Otan por “permanecerem unidos”, para “empenharem-se robustamente em novas realidades geopolíticas”. Segundo o secretário geral, a organização precisa responder perguntas essenciais: “o que a Otan fará a seguir? Como faremos isso? E que tipo de Aliança seremos?”, perguntou, dando continuidade ao debate iniciado já no fim da Guerra Fria, numa busca constante por utilidade e justificativa para a manutenção da instituição.

Respondeu iniciando com a retórica sobre a “responsabilidade” de proteger e de evitar alastramento de situações de “ameaça”: “Quando olho para o nosso mundo, vejo um arco de crises que se estende do Sahel até a Ásia Central”, referindo-se ao norte africano e ao Oriente Médio, “frentes de combate” em que a organização vem se empenhando. Mas faz uma ressalva: “Isso não significa que interviremos em todos os lugares. Nem que estamos prontos para a confrontação.”

O secretário geral deu ênfase ao que chamou de mecanismos de defesa antimísseis, defesa cibernética e “forças especiais” como parte da demonstração da “prontidão para dissuadir e se defender contra qualquer ameaça.” Segundo a rádio Voz da Rússia, o ministro das Relações Exteriores russo Serguei Lavrov somou-se à preocupação de Rasmussen ao declarar-se preocupado com a falta de acordo sobre a defesa antimíssil no espaço Euro-Atlântico. O ministro lembrou ainda que a reunião tomou lugar no septuagésimo aniversário da Batalha de Stalingrado, decisiva para a Segunda Guerra Mundial.

"Cooperação para segurança"

Segundo Lavrov, se a Otan pretende estabelecer uma cooperação significativa com a Rússia, “é preciso definir claramente onde seus pontos de vista coincidem e onde divergem.” O ministro afirmou ser imprescindível debater as ações no Oriente Médio e no Norte da África, situações em que a Rússia e a maioria dos países da Otan estão em desacordo.

Rasmussen falou de uma necessidade de manter-se forças altamente habilidosas e treinadas para respostas imediatas, chamando de “vital” o novo Quartel General das Forças de Operações Especiais da Otan para coordenar e planejar operações. O objetivo, segundo o secretário, é garantir que a organização “continue sendo a base de ouro da segurança Euro-Atlântica no século 21.”

Rasmussen ressaltou que os EUA, desde 2001, aumentaram sua contribuição para a Otan de 63 para 72%, enquanto nos últimos anos todos menos três aliados europeus cortaram suas contribuições ao orçamento em até 20%. Pediu aos europeus que “façam mais” pela organização, mesmo em contexto de crise, em que grande parte da população europeia toma conhecimento e se opõe ativamente contra os gastos militares dos seus países.